A instituição pública, mas estatutariamente independente, publica um relatório de 13 páginas sobre "mortes, ferimentos, danos em bens e pilhagens contra civis, levados a cabo pelas forças de segurança entre 14 e 16 de junho, após os combates de 14 de junho na vila de Gambella", contra os rebeldes da Frente de Libertação de Gambella (GLF, na sigla em inglês) e o Exército de Libertação Oromo (OLA).
Estes dois grupos tinham atacado a vila na madrugada desse dia e as forças de segurança tinham retomado o seu controlo ao início da tarde, após horas de combates.
A EHRC acusou, alguns dias mais tarde, as forças de segurança de terem perpetrado execuções sumárias "casa a casa" após a reconquista da vila.
"Pelo menos 50 civis, entre os quais mulheres e deficientes mentais, acusados de protegerem combatentes (rebeldes) e de deterem armas, foram executados sumariamente, individualmente ou coletivamente" pelas forças regionais que retomaram a vila, escreve a EHRC no relatório.
A instituição acusa ainda a polícia e as forças militares regionais, apoiadas por milícias locais, de terem causado ferimentos, leves ou graves, em 25 civis e de terem torturado e espancado "numerosas pessoas".
Segundo a EHRC, os rebeldes da GLF e da OLA mataram no assalto sete civis que acusavam de terem disparado contra eles e seis civis morreram sem que se conheça os responsáveis pela sua morte.
Tanto os rebeldes como as forças de segurança pilharam e destruíram bens privados, lamenta a comissão.
Segundo o relatório, polícias e militares das forças regionais enterraram os corpos dos civis que mataram coletivamente, recusando entregar os cadáveres às famílias.
Interrogado pela EHRC, a direção regional da polícia federal respondeu ter descoberto que membros das forças atacaram civis após o fim do ataque e disse ter pedido que os responsáveis sejam levados à justiça.
A polícia regional de Gambella registou apenas cinco civis mortos pelos rebeldes, acrescentando ter sido informada de pilhagens, cujos autores disse desconhecer.
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