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Tigray. Organizações humanitárias instadas a deixar zonas de confrontos

O Governo da Etiópia pediu hoje às organizações humanitárias para não operarem nas zonas onde o Exército luta contra os rebeldes da região de Tigray (norte), após um alegado ataque com drones ter atingido um camião das Nações Unidas.

Tigray. Organizações humanitárias instadas a deixar zonas de confrontos
Notícias ao Minuto

20:17 - 26/09/22 por Lusa

Mundo Etiópia

"Gostaríamos de pedir, mais uma vez, às organizações de ajuda humanitária que se abstenham de atuar nas áreas onde o governo está a tomar medidas preventivas para impedir os ataques lançados pela Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF)", afirmou o executivo etíope num comunicado.

O governo federal também pediu às organizações internacionais que realizem o seu trabalho de "maneira responsável", para que a ajuda humanitária "chegue" à população civil "em vez de" aos rebeldes da TPLF, com quem trava uma guerra desde 2020.

Ainda de acordo com a nota do Governo, a TPLF "tem transportado os seus combatentes em camiões pintados ilegalmente com os logótipos do Programa Alimentar Mundial (PAM) e da ONU".

O PAM anunciou hoje que um dos seus camiões foi atingido por projéteis e o motorista ficou ligeiramente ferido, na sequência do ataque de um drone na região de Tigray, na Etiópia, devastada pela guerra.

De acordo com o PAM, o incidente ocorreu na manhã de domingo no noroeste de Tigray, quando dois camiões estavam a entregar ajuda alimentar às famílias deslocadas por causa do conflito, que já dura há quase dois anos.

O PAM apelou a "todas as partes para respeitarem e aderirem ao Direito Internacional Humanitário e se comprometerem a proteger os trabalhadores humanitários, instalações e bens" de organizações de ajuda humanitária.

Os comunicados do PAM e do Governo da Etiópia surgem um dia após o porta-voz da TPLF, que governava a região do Tigray antes do conflito armado, ter denunciado um alegado ataque de drones do Exército federal a um camião do PAM, que transportava alimentos.

As autoridades da Etiópia não reagiram diretamente à declaração do PAM, mas acusaram os rebeldes da Frente de Libertação Popular do Tigray, que lutam contra forças pró governo desde novembro de 2020, de usar "veículos de entrega de ajuda humanitária para a guerra". E só depois divulgaram o comunicado.

"Os drones [do primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed] atingiram um camião do PAM que transportava ajuda hoje (...) num lugar chamado Bahra. (...) O camião ficou destruído e o motorista e outras pessoas ficaram feridas", disse o porta-voz da TPLF, Getachew Redá, na sua conta na rede social Twitter.

Os porta-vozes e responsáveis do PAM na Etiópia, contactados pela agência Efe, não puderam confirmar o incidente.

De acordo com um dos funcionários da organização, o que aconteceu ainda está a ser investigado.

A guerra em Tigray começou em 04 de novembro de 2020, quando Abiy ordenou uma ofensiva contra a TPLF em resposta a um ataque a uma base militar federal e após uma escalada de tensões políticas.

Após meses de esforços diplomáticos para possíveis negociações de paz, os combates foram retomados no final de agosto passado, marcando o fim da "trégua humanitária indefinida" declarada em março pelo governo e o compromisso dos rebeldes com a "cessação das hostilidades".

No dia 11, a TPLF declarou-se disposta a participar nas conversações de paz lideradas pela União Africana (UA) e a "cumprir uma cessação de hostilidades mutuamente acordada", mas o executivo etíope não respondeu positivamente à oferta.

Até então, os responsáveis do Governo do Tigray eram avessos a um processo de negociações patrocinado pela UA.

O conflito já desencadeou uma grande crise humanitária no norte da Etiópia.

Leia Também: Etiópia. Embaixador rejeita acusações de crimes contra humanidade da ONU

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