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Católicos passa a ser maioria na até agora protestante Irlanda do Norte

Os católicos passaram a estar em maioria na Irlanda do Norte, depois de um século de domínio dos protestantes, segundo os resultados de um censo divulgados, esta quinta-feira, pela agência de estatística e investigação local.

Católicos passa a ser maioria na até agora protestante Irlanda do Norte
Notícias ao Minuto

13:09 - 22/09/22 por Lusa

Mundo Religião

Atualmente, 42,3 por cento da população da Irlanda do Norte identifica-se como católica, em comparação com 37,3% que são protestantes ou de outras confissões cristãs, de acordo com os dados oficiais citados pela agência noticiosa francesa AFP.

A Irlanda do Norte, que integra o Reino Unido, surgiu como uma divisão geográfica e administrativa em 1921, depois da independência da outra parte da ilha, a República da Irlanda, um país maioritariamente católico.

A ilha tem cerca de sete milhões de habitantes, dos quais cerca de cinco milhões na República da Irlanda, que tem uma área superior a 70.000 quilómetros quadrados, contra pouco mais de 14.000 da Irlanda do Norte.

A maioria protestante da Irlanda do Norte tem dado poder aos unionistas, que apoiam a reunificação com o Reino Unido.

Os resultados divulgados esta quinta-feira marcam uma reviravolta que a AFP qualificou como histórica.

No recenseamento anterior, realizado em 2011, 45% da população dizia-se católica e 48% protestante.

Em 2001, 53% da população identificou-se como protestante e 44% como católica.

Os apelos para uma maior igualdade entre protestantes e católicos - a maioria dos quais favoráveis à reunificação com a República da Irlanda - foram uma das primeiras fontes de violência na região, iniciada na década de 1960.

Os 30 anos de conflito provocaram 3.500 mortos e terminaram em 1998, com o Acordo da Sexta-feira Santa, que estabeleceu a partilha do poder entre as duas comunidades.

Os resultados do recenseamento podem colocar sobre a mesa a questão de um referendo de independência e de uma reunificação da Irlanda do Norte com a República da Irlanda, segundo a AFP.

Em maio, os nacionalistas do Sinn Fein, a antiga ala política dos paramilitares do IRA e apoiantes da reunificação, ganharam as eleições locais pela primeira vez.

As sondagens também colocam o partido à frente na República da Irlanda, onde estão previstas eleições gerais em 2025.

Antes do resultado do censo, os unionistas tinham tentado minimizar o significado de uma maioria católica para um referendo de independência.

Nos termos do Acordo de Sexta-feira Santa, o ministro para a Irlanda do Norte deve convocar um referendo "se lhe parecer provável que uma maioria de eleitores expressará o desejo de que a Irlanda do Norte deixe de fazer parte do Reino Unido", segundo a AFP.

Uma das questões do inquérito à população era sobre a identidade nacional, com 31,8% a responderem que se sentem "apenas britânicos", uma queda significativa em relação aos 40% de há 10 anos.

Ao mesmo tempo, 29,1% disseram sentir-se "apenas irlandeses", e 19,7% responderam sentir-se "apenas irlandeses do Norte".

Desde maio, o principal partido unionista, o DUP, tem vindo a bloquear o executivo recusando-se a partilhar o poder com o Sinn Fein até que sejam alterados os acordos pós-Brexit (saída do Reino Unido da UE) aplicáveis na Irlanda do Norte.

Segundo o DUP, estas disposições, que introduzem efetivamente uma fronteira aduaneira entre a Irlanda do Norte e a Grã-Bretanha, ameaçam a integridade do Reino Unido.

Numa tentativa de acalmar as tensões, a primeira-ministra britânica, Liz Truss, quando era chefe da diplomacia, introduziu legislação para alterar unilateralmente as disposições do acordo Brexit, arriscando-se a alienar a União Europeia (UE), que ameaçou com uma guerra comercial.

O novo ministro para a Irlanda do Norte britânico, Chris Heaton-Harris, apelou ao DUP para que regresse à assembleia local até 28 de outubro, ou enfrente uma nova eleição.

Além da ideia da reunificação estar a ganhar terreno na Irlanda do Norte, o Governo britânico está também a enfrentar aspirações de independência na Escócia, cujo Governo quer realizar um novo referendo no próximo ano.

O "não" venceu em 2014, mas o Brexit, a que a maioria dos escoceses se opôs, reacendeu o debate.

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