Uju Anya, de 46 anos, é uma professora de nacionalidade nigeriana que dá aulas na prestigiada universidade Carnegie Mellon, no estado norte-americano da Pensilvânia. Nos últimos dias, tem estado no centro de uma polémica por ter desejado uma morte "dolorosa" à rainha Isabel II, do Reino Unido.
O comentário de Anya foi publicado no Twitter na passada quinta-feira - no dia em que foi conhecido que o estado de saúde da monarca estava debilitado - e eliminado da rede social por violar as regras da plataforma. "Ouvi dizer que a monarca chefe de um império genocida de ladrões está finalmente a morrer. Que a sua dor seja excruciante", escreveu.
Após a mensagem ser apagada, Uju Anya voltou à carga: "Se alguém espera que eu expresse alguma coisa além de desdém pela monarca que supervisionou um governo que patrocinou o genocídio que massacrou e deslocou metade da minha família, e cujas consequências aqueles que estão vivos ainda tentam superar, podem continuar a pedi-lo a uma estrela".
If anyone expects me to express anything but disdain for the monarch who supervised a government that sponsored the genocide that massacred and displaced half my family and the consequences of which those alive today are still trying to overcome, you can keep wishing upon a star.
— Uju Anya (@UjuAnya) September 8, 2022
Agora, numa entrevista ao podcast 'This Week in White Supremacy', a professora manteve a sua posição e explicou-a. "Disse o que disse. [Recordei] dor e trauma devido à minha experiência familiar com o governo desta monarca". A professora indicou ainda que o tweet foi "espontâneo" e "não planeado" e que teve o objetivo de "educar" os seus seguidores.
Devido à mensagem, Anya recebeu muitas críticas, incluindo de Jeff Bezos, o fundador da Amazon. No Twitter, o magnata escreveu: "É alguém supostamente a trabalhar para tornar o mundo melhor? Eu não acho. Uau". Mas a resposta não se fez esperar: "Que todos os que você e sua ganância impiedosa prejudicaram neste mundo se lembrem de si com tanto carinho quanto eu lembro dos meus colonizadores", atirou a docente.
This is someone supposedly working to make the world better? I don’t think so. Wow. https://t.co/2zoi6CdFMq
— Jeff Bezos (@JeffBezos) September 8, 2022
Uju Anya teve também uma interação com o apresentador Piers Morgan, com este a referir que gostava de a entrevistar: "Queria que repetisse na minha cara que queria que a rainha morresse dolorosamente. Também o jornalista não ficou sem resposta: "Não, Piers. Queres entrevistar-me porque a tua carreira morreu dolorosamente e precisas das audiências. Mas eu não deixarei."
No, Piers
— Uju Anya (@UjuAnya) September 15, 2022
You want to interview me, because your career died in excruciating pain, and you need the ratings. But I won’t let you chase clout off me. Like I said, I no dey put food for my enemy mouth. https://t.co/6da1I0lQXx
Morte de Isabel II reaviva 'feridas' do colonialismo britânico
Enquanto muitos choram a morte de Isabel II, cuja vida chegou ao fim aos 96 anos, na quinta-feira, tantos outros recordam as feridas do colonialismo britânico e o legado da monarca enquanto símbolo do império daquele país, que enriqueceu também devido à violência e opressão para com outros povos.
Ainda que Isabel II tenha governado durante a era pós-colonial, a soberana manteve uma relação com o passado imperial do Reino Unido. Nos últimos anos, foram vários os pedidos para que a monarquia enfrente a sua história.
A rainha Isabel II morreu aos 96 anos, na passada quinta-feira, no Castelo de Balmoral, na Escócia, após mais de 70 anos do mais longo reinado da história do Reino Unido. O funeral realiza-se na próxima segunda-feira, dia 19 de setembro, e contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.
Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu em 21 de abril de 1926, em Londres, e tornou-se rainha de Inglaterra em 1952, aos 25 anos, na sequência da morte do pai, George VI, que passou a reinar quando o irmão abdicou. Após a morte de Isabel II, o filho primogénito assume, aos 73 anos, as funções de rei como Carlos III.
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