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Iraque. Supremo adia audiência sobre dissolução do Parlamento

O Supremo Tribunal do Iraque adiou para quinta-feira a audiência onde deve determinar se é competente para pedir a dissolução do Parlamento, numa altura em que apoiantes do influente clérigo Moqtada al-Sadr pressionam por novas eleições.

Iraque. Supremo adia audiência sobre dissolução do Parlamento
Notícias ao Minuto

19:20 - 31/08/22 por Lusa

Mundo Iraque

Esta instância jurídica tem defendido desde o primeiro momento que não é competente para se pronunciar sobre o tema, por violação da separação de poderes.

Mas desde a semana passada que a pressão dos sadristas tem aumentado, o que resultou em confrontos na Zona Verde de Bagdade entre segunda e terça-feira, que resultaram em 35 mortos após a tomada do palácio presidencial e do governo pelos seguidores do Al-Sadr, noticiou a agência Efe.

Os confrontos entre os apoiantes de Al-Sadr e as forças de segurança eclodiram depois de o clérigo populista ter anunciado a sua "retirada definitiva" da política, na segunda-feira.

Os combates eclodiram também entre sadristas e apoiantes do Quadro de Coordenação, uma aliança rival de Al-Sadr, que reúne grupos pró-Irão, incluindo o de Hachd al-Chaabi.

Al-Sadr, que defende a realização de eleições antecipadas, apelou ao fim dos confrontos, o que levou ao acalmar da situação no país.

O Supremo Tribunal devia examinar hoje o pedido para a dissolução do Parlamento, mas a sessão foi adiada para quinta-feira, segundo a agência de notícias DPA, citada pela Europa Press.

Não estão descartadas novas mobilizações pelos apoiantes de Moqtada al-Sadr, conforme o resultado da audiência.

O Parlamento iraquiano decretou três dias de luto como um gesto de homenagem aos mortos durante os últimos protestos, foi hoje divulgado.

O Presidente do Iraque, Barham Salí, também propôs na terça-feira a realização de eleições parlamentares antecipadas para superar a atual crise política, marcada pela incapacidade dos diferentes atores políticos de formar um governo dez meses após as últimas eleições.

Mas as tensões entre sadristas e o opositor xiita, a aliança Quadro de Coordenação, próxima do Irão, continuam a crescer ao ponto de Saleh al Iraqi, porta-voz de Al-Sadr, ter culpado hoje a coligação xiita pela morte dos manifestantes nos últimos dias.

O ex-deputado curdo Sarkawt Shams explicou à agência Efe que "o cenário mais provável é a realização de eleições antecipadas com pequenas mudanças na lei eleitoral", alertando que não irá mudar os "problemas fundamentais do Iraque".

Segundo o analista do Fórum Árabe para a Análise da Política Iraniana, Nazim Ali Abdullah, os recentes distúrbios têm "repercussões imediatas e futuras", sendo a principal delas "a colisão com as fações armadas leais ao Irão, incluídas no Quadro de Coordenação, que acusam o movimento sadrista de perturbar as instituições do Estado".

Já para o professor de comunicação da Universidade do Iraque Adel Abudlrazaq, "todas as possibilidades estão em aberto nos próximos dias", incluindo outra escalada de tensão, defendendo ainda que não acredita que Al-Sadr se aposente da política, porque "implicaria grande perigo".

O Iraque vive uma crise política desde que as eleições legislativas de outubro de 2021 deram a vitória ao partido sadrista, mas com apenas 73 lugares nos 329 do Parlamento.

O partido de al-Sadr tentou uma aliança com outras forças parlamentares para eleger o Presidente e o primeiro-ministro, que ficariam encarregados de formar um Governo, o que acabou por não ser possível, devido ao bloqueio dos opositores xiitas, próximos do regime iraniano.

Os deputados sadristas demitiram-se em bloco, em junho, mas, perante a eleição de um Presidente e de um primeiro-ministro propostos pelos opositores, os seguidores de Al-Sadr ocuparam o Parlamento, em 30 de julho.

A ocupação durou uma semana e, após um apelo do clérigo, os sadristas retiraram-se do Parlamento e acamparam em frente ao edifício, para exigir a dissolução da Câmara e novas eleições.

Leia Também: Após mais de 20 mortes, os protestos violentos continuam em Bagdad

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