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Ucrânia critica Papa. Referência a morte de Dugina causa "mal-entendidos"

Ministério dos Negócios Estrangeiros afirma que Francisco nunca prestou, desde o início da invasão russa, "especial atenção às vítimas específicas da guerra, incluindo as 376 crianças ucranianas que morreram".

Ucrânia critica Papa. Referência a morte de Dugina causa "mal-entendidos"

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia criticou, na quinta-feira, o Papa Francisco pela sua referência à morte de Darya Dugina, filha do filósofo ultranacionalista russo Alexander Dugin, acusando-se de causar “mal-entendidos”. Em causa está o facto de o pontífice ter, na quarta-feira, afirmado que os “inocentes pagam pela guerra na Ucrânia” e que pensa “naquela pobre rapariga morta” numa explosão em Moscovo.

Numa nota, publicada no seu site, o ministério tutelado por Dmytro Kuleba revelou que o núncio apostólico na Ucrânia, Visvaldas Kulbokas, foi convocado devido às “declarações do Papa Francisco, proferidas durante a audiência geral de 24 de agosto, Dia da Independência da Ucrânia e dia em que exatamente seis meses se passaram desde a invasão armada em grande escala da Rússia à Ucrânia”.

A Ucrânia diz-se “profundamente dececionada” com as palavras do Papa Francisco, “que equiparam injustamente o agressor e a vítima” e acusou o pontífice de causar “mal entendidos” ao “mencionar no contexto russo-ucraniana a morte de uma cidadã russa no território da Rússia”.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros alertou ainda o núncio apostólico para o facto de o Papa nunca ter prestado, desde o início da invasão russa, “especial atenção às vítimas específicas da guerra, incluindo as 376 crianças ucranianas que morreram nas mãos dos ocupantes russos”

“O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia expressou a esperança de que no futuro a Santa Sé evite declarações injustas que causem deceção na sociedade ucraniana”, frisou.

No dia em que a Ucrânia celebrou o 31.º aniversário da sua independência e se assinalou o sexto mês do início da invasão russa, o Papa referiu a morte da filha de Dugin durante a sua audiência geral. 

“Penso na crueldade, nos inocentes que estão a pagar esta loucura, a loucura de todas as partes, porque a guerra é uma loucura. Os inocentes pagam pela guerra”, sublinhou. Francisco disse ainda pensar "naquela pobre rapariga que explodiu numa bomba debaixo do banco de um carro em Moscovo”.

No próprio dia, o embaixador da Ucrânia no Vaticano, Andrii Yurash, criticou as declarações do Papa, descrevendo o discurso como “dececionante” e acusou a Rússia de ser responsável pelo ataque que matou a jornalista e comentadora política, de 29 anos, na noite de sábado. 

Líder do Movimento Eurasiático, Alexander Dugin, 60 anos, tem sido descrito no Ocidente como "cérebro de Putin" e "guia espiritual" da invasão da Ucrânia, embora se desconheça se mantém contactos com o líder russo.

Apoiante da invasão da Ucrânia, como o pai, Darya Dugina foi alvo de sanções das autoridades norte-americanas e britânicas, que a acusaram de contribuir para a desinformação em relação à guerra iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro.

Numa entrevista em maio, descreveu a guerra na Ucrânia como um "choque de civilizações" e manifestou orgulho por ela e o pai terem sido sancionados pelo Ocidente, segundo a BBC.

Leia Também: AO MINUTO: "A um passo do desastre nuclear"; 30 mil crimes de guerra

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