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Junta militar de Myanmar condena mobilização internacional pelos rohingya

Myanmar (antiga Birmânia) condenou e rejeitou hoje declarações feitas por vários países e organizações internacionais por ocasião do quinto aniversário das operações militares que causaram o êxodo de centenas de milhares de rohingya para o Bangladesh.

Junta militar de Myanmar condena mobilização internacional pelos rohingya
Notícias ao Minuto

08:27 - 26/08/22 por Lusa

Mundo Myanmar

O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Myanmar disse ter "tomado nota" de "declarações emitidas por certos países e organizações", incluindo a ONU, e salientou que estas declarações "carecem de autenticidade", de acordo com uma declaração publicada no Global New Light of Myanmar, meio de comunicação oficial birmanês.

"Os conteúdos e factos relacionados nas declarações não só carecem de autenticidade e são de fontes não verificáveis, como também são considerados como sendo unilaterais e uma interferência nos assuntos internos da Birmânia", indicou.

No dia anterior, no quinto aniversário do início da campanha militar de 2017, em resposta ao ataque dos rebeldes rohingya, vários países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, bem como UE, reiteraram, numa declaração conjunta, "o compromisso" de responsabilizar "os autores destas violações e abusos".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também pediu justiça para as vítimas e lembrou que os autores de todos os crimes internacionais cometidos em Myanmar devem ser responsabilizados.

"A justiça para as vítimas contribuirá para um futuro político sustentável e inclusivo para o país e o povo", disse Guterres, numa declaração.

Há cinco anos, em resposta a ataques de rebeldes a esquadras e postos da polícia, os militares desencadearam uma campanha no estado de Rakhine, com denúncias de homicídios, tortura, violações e casas incendiadas. Cerca de 774 mil rohingya fugiram para o Bangladesh.

A violência extrema gerou uma onda de críticas da comunidade internacional e foi descrita como limpeza étnica, crimes contra a humanidade e genocídio por investigadores da ONU e organizações não-governamentais internacionais como a Human Rights Watch (HRW) e a Amnistia Internacional (AI).

Contudo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros descreveu agora "os incidentes", ocorridos a partir de 25 de agosto de 2017, foram "desencadeados por ataques coordenados e simultâneos do grupo terrorista ARSA (Arakan Rohingya Salvation Army) a 30 postos policiais", como "medidas necessárias".

"Estes ataques terroristas resultaram em baixas, tanto de pessoal de segurança, como de civis inocentes. A este respeito, com vista a assegurar segurança, paz e estabilidade da localidade e das pessoas, o pessoal de segurança teve de tomar as medidas necessárias", de acordo com a declaração.

O arquiteto dessas operações violentas foi o então chefe do exército, general Min Aung Hlaing, atualmente chefe da junta militar no poder em Myanmar, na sequência de um golpe em fevereiro do ano passado.

Apesar das investigações no Tribunal Internacional de Justiça e no Tribunal Penal Internacional, e dos protestos da comunidade internacional, incluindo contra novas violações dos direitos humanos no país, os alegados crimes cometidos pelos militares em 2017 continuam impunes.

Desde o golpe militar, que derrubou o governo da Nobel da Paz Aung San Suu Kyi e mergulhou Myanmar numa profunda crise política, económica e social, 2.138 pessoas morreram, até terça-feira como resultado da repressão das autoridades, enquanto quase 15 mil indivíduos foram arbitrariamente detidos, de acordo com dados da Associação de Assistência aos Presos Políticos.

Leia Também: Rohingya. "Matem-nos, mas não nos deportem para Myanmar"

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