"Reduzir" e "armazenar" dominam léxico da crise energética alemã
Duas semanas antes do previsto, o primeiro objetivo do Regulamento Alemão de Armazenamento de Gás foi alcançado, mas os números estão longe de ser reconfortantes, com o governo a insistir na redução urgente do consumo.
© Reuters
Mundo Alemanha
Apesar dos volumes significativamente reduzidos de fornecimento de gás pela Rússia durante várias semanas, as instalações alemãs de armazenamento registam novamente valores acima dos 75 por cento.
O prazo limite para conseguir esta meta era 1 de setembro. Em 1 de outubro as instalações de armazenamento deverão atingir, pelo menos, os 85 por cento de capacidade, e em 1 de novembro devem estar, pelo menos, a 95 por cento. As instalações de armazenamento compensam as flutuações no consumo de gás e formam uma espécie de sistema tampão para o mercado de gás.
Klaus Müller, responsável da Bundesnetzagentur (Agência Federal da Rede), avisou que os dois próximos objetivos são "muito mais ambiciosos".
Em declarações ao Financial Times, admitiu que, caso a Rússia parasse completamente de abastecer e mesmo que todos os tanques estivessem cheios, a Alemanha só teria gás suficiente para cerca de dois meses e meio, e isto num cenário em que o inverno não fosse invulgarmente frio.
"Precisamos de gás suficiente para pelo menos dois invernos, e não apenas um", acrescentou.
Müller deixou ainda claro que a Alemanha precisa de reduzir a utilização de gás em um quinto para evitar uma escassez no próximo inverno, precisamente a meta definida pelo ministro da Economia.
Robert Habeck, anunciou na sexta-feira planos que visam a poupança de gás por parte dos consumidores, indústria e do setor público. Algumas das medidas, que constam em dois novos regulamentos, devem entrar em vigor já no primeiro dia de setembro, com alguns analistas a avisarem, no entanto, que não serão suficientes para chegar aos desejados 20 por cento de poupança.
Os edifícios públicos só deverão ser aquecidos a um máximo de 19 graus. Anteriormente, a temperatura mínima recomendada era de 20 graus, de acordo com o ministério. O novo regulamento não se aplicará a clínicas, lares de idosos ou outras instituições sociais.
Entre as medidas previstas está também o desligar da iluminação de edifícios e monumentos por razões puramente estéticas ou representativas. As instalações publicitárias iluminadas devem ser desligadas a partir das 22 horas da noite até às 6 horas da manhã.
Entretanto, numa carta citada pela Reuters, o ministro das Finanças, Christian Lindner, pediu autorização à Comissão Europeia para não cobrar IVA sobre o gás.
"O IVA sobre as taxas impostas pelo governo faz subir os preços e encontra uma resistência crescente entre a população, especialmente na situação atual de exceção em que vivemos", pode ler-se no documento dirigido ao Comissário dos Assuntos Económicos da União Europeia, Paolo Gentiloni.
Numa conferência de imprensa na quinta-feira o chanceler alemão Olaf Scholz prometeu benefícios fiscais e outras ajudas aos cidadãos que enfrentam contas de energia elevadas devido à escassez de gás, petróleo e carvão da Rússia.
"Os cidadãos podem contar connosco, não os vamos abandonar", sublinhou, numa altura em que se teme uma escalada de descontentamento, que pode levar a manifestações e paralisações.
Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, o preço do gás chegou a duplicar e a eletricidade subiu 25 por cento. Também o valor gasto com alimentação tem sido maior. Os bens alimentares na Alemanha foram 14,8 por cento mais caros em julho de 2022 do que há um ano.
Leia Também: Mecanismo ibérico evitou conta da luz mais cara da história em Espanha
Seguro de vida: Não está seguro da sua decisão? Transfira o seu seguro de vida e baixe a prestação
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com