Delegação visita Venezuela para mediar diálogo entre Governo e oposição
Uma delegação da Noruega chegou à Venezuela para mediar um possível diálogo entre o Governo do Presidente Nicolás Maduro e a oposição venezuelana.
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Mundo Caracas
A chegada da delegação foi confirmada aos jornalistas pelo diretor do Centro de Estudos Políticos e de Governo (CEPG) da Universidade Católica Andrés Bello (UCAB), Benigno Alarcón, que posteriormente publicou uma mensagem nas redes sociais dando as boas-vindas aos noruegueses.
"Se o Governo não vai ao México, a Noruega vem a Caracas. Saudamos a equipa da Noruega que se instala em Caracas. O nosso respeito pelo seu empenho e esforço", escreveu Benigno Alarcón na sua conta do Twitter.
Segundo o diretor do CEPG, a deslocação da delegação da Noruega à Venezuela "dar-lhes-á uma visão mais realista das possibilidades de um acordo político que o Governo hoje não quer".
A chegada da delegação tem lugar dois dias depois de o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela (parlamento, onde o chavismo detém a maioria), Jorge Rodríguez, condicionar a retoma do diálogo com a oposição à devolução de um avião venezuelano retido na Argentina.
"O que estão a fazer viola de forma absoluta todas as regulamentações internacionais em matéria aeronáutica e viola os direitos humanos dos venezuelanos na Argentina (...) o que está a acontecer é um vulgar sequestro de um avião e um vulgar sequestro de venezuelanos e de quatro cidadãos iranianos", disse.
Jorge Rodríguez, que é também o porta-voz da delegação do Governo nas negociações com a oposição, falava durante uma sessão do parlamento em que sublinhou que a posição venezuelana é "muito simples e clara", garantindo: "Daí não nos mexeremos, nem em termos de diálogo, nem de negociação".
"Tal como dissemos com o diplomata venezuelano sequestrado, Alex Saab [detido em Cabo Verde e extraditado em outubro de 2021 para os EUA], vamos dizer duas coisas: queremos que nos devolvam o avião e os nossos irmãos sequestrados", frisou.
Segundo Jorge Rodríguez, o Presidente da Venezuela tinha "instruído esgotar as vias diplomáticas e jurídicas" para tratar deste assunto, "mas nesse momento já está claro que não há via jurídica" e que "o sistema de justiça argentino está ajoelhado aos desígnios" dos EUA.
No centro da questão está um avião Boeing 747 Dreamliner, propriedade da empresa iraniana Mahan Air, que atualmente pertence à Emtrasur, subsidiária do Consórcio Venezuelano de Indústrias Aeronáuticas e Serviços Aéreos (Conviasa), que se encontra retido em Buenos Aires, Argentina, por ser alvo de sanções dos EUA.
Segundo Nicolás Maduro, o avião retido na Argentina era usado para levar ajuda humanitária aos países das Caraíbas e de África.
"[É] o avião em que trazemos medicamentos da China, Rússia, Índia e que desempenhou um papel fundamental no apoio humanitário da Venezuela", explicou à televisão estatal venezuelana.
Uma delegação do Governo venezuelano protestou hoje em frente à embaixada argentina em Caracas para contestar a detenção do avião em Buenos Aires e a retenção de parte da sua tripulação.
"Devolvam o avião e a tripulação", gritaram cerca de 30 empregados da Conviasa, em frente à embaixada, usando t-shirts e bonés da companhia aérea estatal venezuelana.
O ministro dos Transportes, Ramon Velasquez, e deputados foram recebidos pelo embaixador argentino Oscar Laborde, a quem entregaram documentos que contestavam a detenção do Boeing 747.
Em 17 de outubro de 2021, o Governo venezuelano suspendeu as negociações com a oposição, que decorriam desde agosto de 2021 no México, com a mediação da Noruega.
A suspensão ocorreu um dia após a extradição, de Cabo Verde para os Estados Unidos, do empresário colombiano Alex Saab, considerado um testa-de-ferro de Maduro.
O Governo venezuelano nomeou Saab um dos representantes nas negociações e condicionou a retoma do diálogo com a oposição à sua libertação.
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