"Estamos dispostos a juntar-nos porque seria a grande surpresa das eleições e só um forte terceiro bloco seria capaz de pedir a Draghi (primeiro-ministro cessante e ex-chefe do Banco Central Europeu) para permanecer no cargo de primeiro-ministro", disse Renzi no programa de TV Omnibus.
Calenda, antigo ministro da Indústria e do Desenvolvimento Económico, retirou-se no domingo de um pacto eleitoral com o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, depois deste se ter juntado a partidos pequenos mais à esquerda, incluindo a Esquerda Italiana (SI) e a Europa Verde (EV).
"Carlo Calenda e os seus apoiantes devem decidir se fazem um acordo connosco ou não, se devem ou não formar um bloco", insistiu Renzi, que em tempos liderou o PD.
Tanto Calenda como Renzi estão a fazer campanha para continuar a agenda reformista de Mário Draghi, cujo governo de unidade nacional caiu quando perdeu o apoio de três dos partidos que o apoiavam - o M5S, o Força Itália e a Liga -- num voto de confiança no Parlamento, que justificou o pedido de demissão do primeiro-ministro, aceite a 20 de julho, e a antecipação das eleições para 25 de setembro.
O líder do Itália Viva adiantou que não está preocupado com quem deveria liderar o potencial terceiro bloco, seja ele ou Calenda. "A liderança é o último dos meus problemas", disse.
Sem rejeitar a ideia, Calenda já tinha declarado que "o pacto com Matteo (Renzi) não é uma conclusão evidente", argumentando que o seu partido é o que está em melhor posição para retirar votos à forte aliança de direita e extrema-direita.
O Azione, de Calenda, reduziu no entanto para apenas cerca de três por cento as intenções de voto, agora se separou do antigo aliado Mais Europa (+E), que decidiu manter o acordo eleitoral com o PD, quase o mesmo que o Itália Viva, de Renzi.
Sem outros partidos, o potencial terceiro bloco teria assim cerca de 06%, muito atrás dos 23,4% do PD, que combinado com as intenções de voto nos pequenos partidos a ele ligados colocariam a atual aliança de centro-esquerda em pouco menos de 30% das intenções de voto.
Mesmo que este centro-esquerda se juntasse numa improvável aliança pós-eleitoral com o potencial terceiro bloco defendido por Renzi, os seus 36% combinados estariam muito longe dos votos na aliança de direita, de quase 45% segundo as mais recentes sondagens.
Esta aliança, liderada por Giorgia Meloni, do partido de extrema-direita Irmãos de Itália (FdI), é favorita a assumir o controlo da política italiana no dia 25 de setembro e potencialmente dar à Itália a sua primeira mulher como primeiro-ministra.
A coligação conta com a Liga, de extrema-direita, liderada pelo ex-ministro do Interior conhecido pelas posições anti-migrantes Matteo Salvini, que tem 12,5% das intenções de voto, em segundo lugar a seguir aos 23,8% da FdI, mais 8% do partido de centro-direita Forza Italia (FI), do ex-primeiro-ministro e magnata dos media Silvio Berlusconi.
Salvini repetiu hoje que Meloni será a líder do governo se o partido Irmãos de Itália conseguir mais um voto do que a Liga, mas Sílvio Berlusconi é ainda uma incógnita.
O antigo primeiro-ministro e líder do centro-direita Força Italia (FI) disse hoje que os apoiantes o tinham incitado a candidatar-se de novo a primeiro-ministro, mas que ainda não se tinha decidido.