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Camarões apelam a Macron que reconheça "crimes da França colonial"

Um coletivo de partidos políticos camaroneses pediu hoje a Emmanuel Macron que reconheça os "crimes da França colonial", poucas horas antes da visita oficial aos Camarões do chefe de Estado francês, que se encontrará com o homólogo Paul Biya.

Camarões apelam a Macron que reconheça "crimes da França colonial"
Notícias ao Minuto

20:44 - 25/07/22 por Lusa

Mundo França

"Temos uma disputa histórica com a França. Não é a chegada de Macron que dá origem ao problema. Estamos a aproveitar a oportunidade para sensibilizar os camaroneses para o problema com a França, que é colocar todos os crimes da França sobre a mesa e resolver definitivamente se queremos ter uma relação pacífica", declarou Bedimo Kuoh, membro do Movimento Africano para a Nova Independência e Democracia (Manidem), durante uma conferência de imprensa em Douala.

Na sequência da derrota da Alemanha em 1918, a Sociedade das Nações -- que antecedeu a ONU -- entregou a governação da maior parte da colónia alemã de Kamerun à França e a restante - a parte ocidental na fronteira com a Nigéria - à Grã-Bretanha.

Antes da independência do país em 1960, as autoridades francesas reprimiram sangrentamente os guerrilheiros da União das populações dos Camarões (UPC, na sigla em inglês), um partido nacionalista fundado no final da década de 1940 e envolvido na luta armada contra o colonizador e os seus aliados camaroneses, particularmente na região de Bamileke.

Várias dezenas de milhares de ativistas pró-UPC, incluindo o líder independentista Ruben Um Nyobè, foram massacrados, primeiro pelo exército francês e depois da independência pelo exército camaronês do regime de Ahmadou Ahidjo.

Durante a conferência de imprensa, Valentin Dongmo, também membro do Manidem, pediu ao chefe de Estado francês que "reconheça os crimes da França colonial como começou a fazer na Argélia".

Dongmo também apontou o dedo ao franco CFA, moeda comum a dez países africanos, incluindo os Camarões, emitida na França e considerada pelos seus detratores como um dos últimos vestígios da 'France Afrique', conceito que designa a esfera de influência francesa no continente africano.

Em comunicado divulgado hoje, John Fru Ndi, presidente da Frente Social Democrata, um dos dois principais partidos da oposição, pediu "um 'mea culpa' da França (...) pelas flagrantes violações dos direitos humanos" e os abusos cometidos durante a luta pela autodeterminação, independência e reunificação".

Emmanuel Macron tem previsto iniciar terça-feira, nos Camarões, uma deslocação de quatro dias pelo continente, que o levará depois ao Benim e Guiné-Bissau.

Esta viagem permitirá ao Presidente francês reafirmar o seu "compromisso com o processo de renovação da relação da França com o continente africano", explicou em Paris a Presidência francesa.

Nos Camarões, as conversas com o Presidente Paul Biya, de 89 anos e que governa o país com mão de ferro há quase 40 anos, também devem concentrar-se na ameaça do movimento extremista islâmico Boko Haram no norte do país e no conflito entre noroeste e sudoeste, que há mais de cinco anos opõe grupos armados separatistas às forças governamentais.

Em 2020, interpelado por um opositor, Macron suscitou indignação nos Camarões ao declarar que havia "pressionado Paul Biya" relativamente à violência "intolerável" nessas regiões.

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