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Queda de Draghi é última jogada de xadrez governativo que se prevê longo

A renúncia do primeiro-ministro italiano Mário Draghi, 12 horas depois da sua coligação se ter desfeito no Parlamento, foi a mais recente jogada do xadrez político que deve durar meses até que um novo governo assuma o poder.

Queda de Draghi é última jogada de xadrez governativo que se prevê longo
Notícias ao Minuto

21:57 - 21/07/22 por Lusa

Mundo Itália/crise

Esta quinta-feira, a única certeza para os italianos é que irão a votos em 25 de setembro, cerca seis meses antes do que o previsto.

Mas mesmo antes de haver data definida, já os partidos italianos estavam em 'reboliço' perante a situação política, com alguns a perderem fiéis de longa data na liderança, após três parceiros-chave da coligação -- populistas, de direita e conservadores -- terem decidido abandonar Draghi.

Em 17 meses no comando do governo, Draghi era visto como um pilar de estabilidade numa nação, a terceira maior economia da União Europeia, assolada pela alta inflação e os temores da escassez de energia, à medida que a guerra na Ucrânia se arrasta.

Os comícios, petições e apelos de cidadãos, autarcas e diversas autoridades para salvar o governo foram ignorados, com as prioridades político-partidárias a triunfarem sobre a solidariedade.

A falta de atenção dos partidos aos apelos dos cidadãos pode moldar as decisões dos eleitores e os resultados das eleições apenas serão conhecidos até que todos os votos estejam contados e os partidos concluam as conversas de bastidores para formar governo.

Perante o apoio a Draghi, a questão em Itália é saber o porquê da queda do governo.

Muitas acusações foram direcionadas para o Movimento 5 Estrelas (M5S), a maior força política do Parlamento desde as eleições de 2018, sendo que o seu líder, Giuseppe Conte, foi escolhido para primeiro-ministro em governos consecutivos antes de se juntar à coligação de "unidade nacional".

Conte pareceu sempre 'irritado' por ter perdido o lugar para Draghi, escolhido pelo Presidente Sergio Mattarella para liderar a recuperação económica italiana pós-pandemia.

Na semana passada, as peças de xadrez começaram a mover-se quando os senadores do M5S boicotaram um voto de confiança a um projeto de lei para o alívio de custos com a energia.

Draghi viveu também outros momentos de desentendimento com parceiros de coligação, como o líder de direita da Liga, Matteo Salvini, quando este criticou um decreto do governo que exigia vacinação contra a covid-19, teste negativo ou certificado de recuperação recente para aceder a locais como restaurantes, ginásios ou locais de trabalho.

O golpe fatal para o governo de Draghi ocorreu quando senadores dos partidos de Conte, Salvini e Berlusconi se recusaram a renovar o seu apoio ao governo, num voto de confiança que o primeiro-ministro procurou, numa tentativa de 11 horas para reavivar a coligação.

O chefe de Estado italiano anunciou esta quinta-feira à nação que, embora as eleições antecipadas sejam sempre uma "última escolha", não havia outra alternativa do que avançar para o quarto governo no mandato de cinco anos do Parlamento, assinando um decreto a dissolver o Parlamento.

A Constituição italiana exige que as eleições sejam realizadas dentro de 70 dias após o decreto que dissolve o Parlamento e cujo mandato de cinco anos expiraria em março de 2023.

Entre a queda do governo e a marcação de eleições, outra questão é quem fica a ganhar com a situação. As sondagens dos últimos meses mostram que o partido de extrema-direita Irmãos de Itália, a única força considerável no Parlamento a recusar-se a juntar à coligação de Draghi, pode alcançar pouco mais de 20% nas urnas.

A mesma percentagem é atribuída pelas sondagens ao Partido Democrata de centro-esquerda.

Mas o ex-primeiro-ministro Enrico Letta, cujo Partido Democrata deu a Draghi o seu voto de confiança, está apostado numa eventual aliança eleitoral com o M5S, decisão que pode ser arriscada visto que os populistas 'tiraram o tapete' a Draghi.

Em queda parece estar já o Forza Italia de Berlusconi, que tinha ministros no governo de Draghi que já anunciaram que vão deixar o partido, acusando o bilionário e ex-primeiro-ministro de trair a vocação pró-Europa e pró-NATO do partido para se juntar ao eurocético Salvini e abandonar Draghi.

Leia Também: Itália vai ter eleições antecipadas previstas para 25 de setembro

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