"Pedimos à parte norueguesa a resolução desta questão o mais rapidamente possível", indicou a diplomacia russa em comunicado, anunciando que o encarregado de negócios norueguês em Moscovo foi convocado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"Sublinhámos que as ações hostis face à Rússia implicam medidas de represálias", acrescentou.
A Rússia indicou que a Noruega bloqueou no ponto de passagem fronteiriço terrestre de Storskog os abastecimentos em material e alimentação que deveriam ser carregados para um navio e transportados para Svalbard, com destino aos mineiros russos instalados nesse arquipélago.
Segundo Serguei Guchtchine, o cônsul russo no arquipélago ártico, trata-se de 20 toneladas de mercadorias, incluindo sete toneladas de produtos alimentares e o restante peças sobressalentes e equipamentos essenciais para preparar o inverno.
Segundo diplomata, a Noruega bloqueia as mercadorias em aplicação das sanções europeias aplicadas à Rússia devido à sua ofensiva militar na Ucrânia, e estão a ser estudadas vias de abastecimento alternativas, incluindo a partir da cidade russa de Murmansk.
A cerca de mil quilómetros do polo Norte, Svalbard possui o dobro da superfície da Bélgica e é por vezes considerado como o 'calcanhar de Aquiles' da NATO no Ártico.
Um tratado concluído em 1920 em Paris reconhece a soberania norueguesa sobre Svalbard, mas também garante aos cidadãos dos Estados signatários, hoje 46 e onde se inclui a Rússia, a liberdade de explorar os seus recursos naturais "numa situação de perfeita igualdade".
Neste sentido, a Rússia, e anteriormente a União Soviética, extrai desde há décadas carvão nestas terras habitadas por menos de 3.000 pessoas de cerca de 50 nacionalidades.
Em mensagem na rede social Telegram, o vice-presidente do Conselho da Federação da Rússia, Konstantin Kossatchev, acusou Olso de violar o tratado de Paris.
"As autoridades norueguesas pretendem que os mineiros russos fiquem sem alimentação, o que é imoral. Constitui uma violação dos direitos humanos e dos princípios do humanismo", acusou.
No entanto, o cônsul russo considerou que de momento ainda não se regista penúria alimentar entre os cidadãos russos instalados neste arquipélago.
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