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Ryanair diz que testes a sul-africanos não foram feitos em Portugal

Os passageiros sul-africanos acusam a companhia aérea de discriminar racialmente por exigir fluência numa língua falada maioritariamente pela reduzida população branca.

Ryanair diz que testes a sul-africanos não foram feitos em Portugal
Notícias ao Minuto

10:42 - 08/06/22 por Hélio Carvalho

Mundo Ryanair

A Ryanair recusou, esta quarta-feira, as acusações de racismo e discriminação feitas por vários passageiros sul-africanos, pela recente decisão da companhia aérea de exigir testes em Afrikaans para testar a validade dos passaportes e impedir a entrada de quem não souber falar o idioma.

Questionada pelo Notícias ao Minuto sobre os testes em Afrikaans, a companhia aérea afirmou que a decisão responde aos avisos do governo sul-africano sobre "o risco de sindicatos que vendem passaportes sul-africanos falsos, o que aumentou substancialmente os casos de utilização fraudulenta de passaportes sul-africanos para entrar no Reino Unido".

Como muitos relatos nas redes sociais de passageiros sul-africanos indignados com a prática mencionaram voos em Portugal, a empresa de voos 'low cost' disse ter averiguado "com os serviços de imigração, que nos confirmaram que estes casos aconteceram somente no Reino Unido, pelo que este questionário se aplica a pessoas que viagem para lá."

O governo sul-africano, através do Ministério dos Assuntos Internos, considerou, num comunicado, que o teste da Ryanair é um "sistema de perfilamento atrasado" e mostrou-se "surpreendido pela decisão desta companhia, porque o departamento comunica regularmente com todas as companhias aéreas para as atualizar sobre como validar passaportes sul-africanos".

Questionada pelo Notícias ao Minuto sobre estas declarações do governo da África do Sul, a Ryanair remeteu uma resposta para mais tarde, pela via de um comunicado oficial.

O Afrikaans é uma língua com origem europeia e foi imposta pelos colonos neerlandeses na África do Sul. O idioma tem um passado recente associado ao racismo e ao apartheid, com o governo branco a torná-la na língua oficial do regime baseado na discriminação racial da minoria branca sobre a maioria negra.

Apesar de continuar a ser uma língua oficial, o Afrikaans é apenas a terceira língua mais falada da África do Sul, um país com 11 línguas oficiais, e continua a ser vista como o idioma utilizada pelo regime racista e colonialista. Apenas 12% da população fala frequentemente o Afrikaans, sendo que esta percentagem corresponde a uma comunidade maioritariamente branca e descendente de colonos. À frente do Afrikaans, estão o Zulu e o Xhosa, duas línguas de origem africana que foram reprimidas pelos líderes do apartheid que terminou em 1994.

A Ryanair explicou, num comunicado, que "exige que os passageiros com um passaporte sul-africano preencham um simples questionário em língua africana" e "se não conseguirem preencher este questionário, ser-lhes-á recusada a viagem e, em vez disso, será emitido um reembolso total".

A notícia do questionário surgiu na segunda-feira e muitos passageiros acusaram a empresa de racismo e discriminação, nas redes sociais. "A Ryanair a restringir o movimento de sul-africanos com base no falar ou não o Afrikaans branco em minoria. Bastante racista", disse um utilizador. Outra pessoa disse que a decisão era "ridícula e ignorante".

O teste inclui questões sobre o lado em que conduzem na estrada os sul-africanos, quem é o atual presidente e qual é o indicativo telefónico. Um dos passageiros no Twitter, identificando a empresa, conta que foi quase impedido de sair de Portugal por ter de realizar um teste, apesar de ter passaporte sul-africano com uma licença de trabalho britânica.

"Fui obrigado a escrever um teste de duas páginas em Afrikaans (pedi a versão a inglês mas disseram-me que o teste era apenas em Afrikaans). Foi-me dito que se não tivesse 100%, não poderia voar. Apenas depois de escrever as respostas me deram o bilhete de embarque. Isto é escandaloso".

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