Ryanair obriga sul-africanos a fazer teste de linguagem "racista"

O Afrikaans é o terceiro idioma mais falado na África do Sul, sendo usado predominantemente por pessoas brancas, e é um símbolo do apartheid que durou até 1994.

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Hélio Carvalho
06/06/2022 11:23 ‧ 06/06/2022 por Hélio Carvalho

Mundo

Racismo

A companhia aérea Ryanair está a ser acusada de racismo por passageiros e organizações não-governamentais, por obrigar os passageiros sul-africanos que regressem a partir da Europa e do Reino Unido a realizar testes de em afrikaans, a terceira língua mais falada no país.

O Afrikaans é um idioma falado predominantemente por descendentes brancos dos colonizadores neerlandeses, que mandaram no país e impuseram um duro e discriminatório regime de apartheid que ostracizou a maioria negra até 1994.

Segundo o The Guardian, a companhia aérea impôs o questionário para impedir a entrada de pessoas com passaportes sul-africanos falsos. No entanto, dado que as duas línguas mais faladas são o Zulu e o Xhosa, predominantemente usadas pela população negra, muitos estão a acusar a Ryanair de replicar uma prática do apartheid.

Nas redes sociais, acumulam-se as acusações de racismo contra a companhia. "A Ryanair a restringir o movimento de sul-africanos com base no falar ou não o Afrikaans branco em minoria. Bastante racista", disse um utilizador. Outra pessoa disse que a decisão era "ridícula e ignorante".

O The Guardian também refere que o teste inclui questões sobre o lado em que conduzem na estrada os sul-africanos. Um dos passageiros no Twitter, identificando a empresa, conta que foi quase impedido de sair de Portugal por ter de realizar um teste, apesar de ter passaporte sul-africano com uma licença de trabalho britânica.

"Fui obrigado a escrever um teste de duas páginas em Afrikaans (pedi a versão a inglês mas disseram-me que o teste era apenas em Afrikaans). Foi-me dito que se não tivesse 100%, não poderia voar. Apenas depois de escrever as respostas me deram o bilhete de embarque. Isto é escandaloso".

Em resposta ao jornal britânico, a empresa afirmou que "devido à prevalência de passaportes sul-africanos fraudulentos, está a pedir aos passageiros para preencher um simples questionário feito em Afrikaans". "Se não conseguirem completar o questionário, serão impedidos de viajar e reembolsados por inteiro", acrescentou.

No entanto, o próprio governo britânico pareceu descredibilizar as exigências da Ryanair. Numa resposta no Twitter ao comentário anterior, a página do comissariado do Reino Unido na África do Sul afirmou que "este não é um requerimento do governo britânico".

A Ryanair não respondeu o porquê do teste ser feito em Afrikaans, e não em Xhosa ou Zulu.

Além disso, segundo o site do Governo da África do Sul, o país tem mais tem 11 línguas oficiais, com as línguas de origem anglo-saxónica e europeia a representarem apenas cerca de 20% da população.

Leia Também: CEO da Ryanair diz que Boeing "não está à altura do trabalho"

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