A primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, criticou, esta segunda-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, e a sua insistência em continuar as conversações com o presidente russo, Vladimir Putin, sobre a invasão da Ucrânia.
“Não vejo qual é o objetivo de falar com ele [Putin], se queremos passar a mensagem de que está isolado e a mensagem de que não vai escapar impune e será responsabilizado por todos os crimes cometidos”, afirmou a chefe do governo estónio, citada pelo jornal britânico The Guardian, durante uma visita ao Reino Unido.
Kallas manifestou-se “muito preocupada com os apelos prematuros” para um cessar-fogo ou acordo de paz e lembrou que “um cessar-fogo não significa que as atrocidades acabarão nos territórios ocupados”. “Já cometemos este erro três vezes, na Geórgia, Donbass e Crimeia, e não podemos voltar a cometer este erro”, frisou.
Sobre as declarações de Macron, proferidas na passada sexta-feira, que davam conta de que não é necessário “humilhar a Rússia” para que “quando terminarem os combates um dia, possamos encetar um caminho de saída pelas vias diplomáticas”, a responsável estónia considerou que Putin pode “salvar a sua face” retirando o seu exército da Ucrânia.
“Putin pode muito bem salvar a sua face voltando à Rússia, porque as suas forças estão num país soberano”, sublinhou.
Na conferência de imprensa, Kaja Kallas alertou que “estamos num ponto em que as sanções” contra a Rússia “começam a prejudicar o nosso lado”.
“No início, as sanções só eram difíceis para a Rússia, mas agora estamos a chegar a um ponto em que as sanções são dolorosas para os nossos próprios países, e agora a questão é quanta dor estamos dispostos a suportar. É diferente para países diferentes. A união é muito difícil de manter. Está a tornar-se cada vez mais difícil devido à inflação elevada, e aos preços da energia”, considerou.
Contudo, frisou, “o gás pode ser caro, mas a liberdade não tem preço”.
Assinala-se, esta segunda-feira, o 103.º dia da invasão russa da Ucrânia. Segundo dados confirmados pela Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta que o número real pode ser mais elevado, pelo menos 4.100 civis morreram no conflito.
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