O senador conservador Ted Cruz voltou a ser criticado em público pela sua posição de defesa da posse de armas nos Estados Unidos. Desta vez, Cruz foi interrompido num restaurante por um ativista, que o acusou de ser responsável pela morte de 19 crianças numa escola em Uvalde, no Texas.

Num vídeo publicado no Tik Tok, um ativista, que a Vanity Fair identificou como sendo Benjamin Hernandez, interpelou Cruz num restaurante em Houston, no Texas, para lhe pedir uma fotografia.

Pouco depois, Hernandez perguntou se "é assim tão difícil" aprovar medidas que restrinjam a compra de armas de fogo, nomeadamente através da verificação de antecedentes criminais.

Os seguranças do senador republicano perceberam que o homem tratava-se de um manifestante, e não de um fã, intervindo para o remover do restaurante. Pelo caminho, Benjamin Hernandez gritou que o sangue das crianças de Uvalde estava nas mãos de Cruz.

"Dezanove crianças morreram! Está nas suas mãos, Ted Cruz! Está nas suas mãos!", repetiu o ativista.

O senador tem sido criticado pela sua posição em torno da posse de armas, um debate que ganhou novo fôlego na sequência de mais um tiroteio. Na passada terça-feira, um jovem de 18 anos comprou legalmente duas armas semiautomáticas (o que no estado do Texas é permitido com bastante facilidade) e entrou numa escola, matando 19 crianças e dois professores.

Poucos dias depois, Cruz discursou no comício anual da NRA (um dos maiores grupos de lóbi dos EUA, investindo em políticos para garantir um acesso livre às armas), onde defendeu que as maiores causas para os tiroteios no país não são as armas em si, mas antes a falta de presença nas igrejas, as portas destrancadas das escolas, a comunidade LGBT, os videojogos, entre outros motivos.

Apesar da defesa incondicional do senador nesta questão, a verdade é que os Estados Unidos são, de longe, o país com mais armas no mundo - há 120 armas por cada cem pessoas, um valor duas vezes mais elevado que o do Iémen, o segundo país na lista. Com 4% da população mundial, os Estados Unidos acumularam 31% de todos os tiroteios em massa no mundo, entre 1966 e 2012, segundo um estudo da Universidade do Alabama.

O tiroteio em Uvalde foi o 27.º do ano em escolas norte-americanas. Em 2022, o país já registou mais de 200 tiroteios em massa - em 2021, foram 693.

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