Direita francesa aposta em campanha para "surpreender" nas legislativas

A principal força política da direita francesa, 'Os Republicanos', reorganiza-se no terreno para as eleições legislativas, com algumas fugas para o campo de Emmanuel Macron, mas vontade de "surpreender", após a pesada derrota de Valérie Pécresse nas presidenciais.

Geoffrey Carvalhinho

© Getty Images

Lusa
28/05/2022 08:31 ‧ 28/05/2022 por Lusa

Mundo

França

"Acho que podemos surpreender. As pessoas vão realmente olhar para quem está presente a nível local. Não sentimos a grande vaga de 2017 de Emmanuel Macron e as pessoas querem um deputado próximo, com o apoio do autarca. Acho que com a nossa presença territorial, podemos surpreender e ter mais deputados do que temos atualmente, podendo até ganhar novos círculos eleitorais", disse à Lusa Geoffrey Carvalhinho, candidato do movimento 'Os Republicanos' por Seine-Saint-Denis.

Geoffrey Carvalhinho é franco-português e conselheiro regional em Seine-Saint-Denis, sendo uma das figuras de confiança de Valérie Pécresse, ex-candidata às presidenciais.

Após uma derrota com 4,78% dos votos nas presidenciais, uma das mais pesadas da direita, 'Os Republicanos' apoiam-se agora na sua rede de eleitos locais para enfrentar as legislativas que se realizam a 12 e 19 de junho.

"O desafio é recuperar este círculo eleitoral e fazer uma campanha muito local, focada em temas exclusivamente locais. Claro que as legislativas são umas eleições nacionais, mas é também algo muito local porque é preciso ajudar as cidades, os autarcas e os habitantes a serem ouvidos na Assembleia Nacional", explicou Carvalhinho.

A nível nacional, logo após as presidenciais, o partido acusou Nicolas Sarkozy de tentar seduzir algumas das suas principais figuras para se juntarem ao partido de Emmanuel Macron que quer renovar a maioria na Assembleia da República.

Alguns acabaram por passar para o outro lado - como os deputados Constance Le Grip ou Robin Reda, muito ativos na campanha de Pécresse - mas menos do que se estava à espera. Um dos maiores 'roubos' do Presidente foi Damien Abad, nomeado ministro da Solidariedade, e que era até agora líder dos deputados d'Os Republicanos.

"Só perdemos três ou quatro deputados e Damien Abad não representa a direita. E, sobretudo, Emmanuel Macron tem um Governo de esquerda, porque nomeou uma primeira-ministra de esquerda. Como vimos na segunda volta das presidenciais, ele acabou por fazer muitas propostas de esquerda para seduzir o eleitorado de [Jean-Luc] Mélenchon [líder do movimento 'França Insubmissa'] e é aí que muitos eleitores de esquerda se questionam e percebem que foram enganados", defendeu Carvalinho em entrevista à Lusa.

Damien Abad foi entretanto acusado por duas mulheres de violação e violência sexual, na primeira polémica do Governo recém-nomeado, recusando demitir-se.

Em pré-campanha, tentando ganhar um círculo eleitoral perdido pela direita para o partido do Presidente ('República em Marcha'), Geoffrey Carvalhinho aposta em encontrar soluções para as maiores preocupações dos seus concidadãos, que abrangem as cidades de Gagny, Rosny-sous-Bois e Villemomble, na periferia de Paris.

"Temos falado muito sobre o poder de compra com o aumento da inflação e também o impacto da reforma das pensões, porque ainda não sabemos nada do que se vai passar, mas ela vai acontecer e queremos que beneficie os pensionistas. E o tema da segurança, que é muito importante", detalhou.

Depois de em 2020 terem ganho mais de metade das cidades médias no país, 'Os Republicanos' têm entre os seus principais apoios os autarcas locais. Esta é uma das armas do principal partido da direita francesa e, conforme o seu líder Christian Jacob disse várias vezes aos meios de comunicação franceses, vai permitir "o regresso" desta força política.

Christian Jacob mantém-se até junho à frente do partido, abrindo depois a batalha pela sucessão na lideração d'Os Republicanos. Entre algumas das figuras que podem vir a lutar por este lugar estão Laurent Wauquiez, antigo líder do partido e presidente da região Auvérnia-Ródano-Alpes, David Lisnard, autarca de Cannes, e Éric Ciotti, que foi batido por Pécresse nas primárias, mas teve uma votação considerável e representa os militantes mais à direita.

Depois da vitória de Emmannuel Macron na segunda volta das eleições presidenciais em abril, sobre a candidata de extrema-direita Marine Le Pen, as legislativas vão definir a composição do próximo parlamento.

A primeira e segunda voltas das eleições legislativas estão marcadas, respetivamente, para 12 e 19 de junho.

Leia Também: Manuel Valls elege Mélenchon como adversário nas legislativas francesas

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