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Pai de atirador: "Ele deveria ter-me matado, em vez de fazer o que fez"

Apesar do crime que cometeu, Salvador Ramos assegura que o filho era "uma boa pessoa" e que era "reservado". "Quero que as pessoas saibam a história do meu filho. Não quero que o chamem de monstro… não sabem nada", acusou.

Pai de atirador: "Ele deveria ter-me matado, em vez de fazer o que fez"
Notícias ao Minuto

16:25 - 27/05/22 por Daniela Filipe

Mundo Texas

O pai de Salvador Ramos, o jovem de 18 anos que matou 19 crianças e duas professora numa escola primária em Uvalde, no estado norte-americano do Texas, disse, na quinta-feira, que nunca pensou que o filho fizesse “algo assim”, pedindo perdão pelas suas ações.

“Só quero que saibam que lamento aquilo que o meu filho fez”, confessou Salvador Ramos, de 42 anos, em entrevista ao The Daily Beast.

“Nunca pensei que o meu filho fizesse algo assim. Ele deveria ter-me matado, em vez de fazer o que fez”, lançou.

Salvador Ramos entrou, na terça-feira, na Robb Elementary School munido com uma pistola e uma espingarda, vitimando 19 crianças e as duas professoras. Foi abatido pela polícia. Ainda em casa, disparou sobre a avó, que esteve hospitalizada em estado crítico.

Na quinta-feira, a família de Irma Garcia, uma das professoras assassinadas no ataque, anunciou que o marido, Joe Garcia, morreu de ataque cardíaco “devido à dor”.

No dia fatídico, Ramos recordou estar no trabalho, apenas sabendo do que tinha acontecido quando a sua mãe lhe ligou. Em pânico, ligou para a esquadra local, para perguntar se o filho estava lá. Só depois é que o pior se abateu sobre si.

“Mataram o meu menino. Nunca mais vou ver o meu filho, e eles [os pais das vítimas] nunca mais vão ver os seus. Magoa-me”, lamentou, entre lágrimas.

Apesar do crime que cometeu, Ramos assegura que o filho era “uma boa pessoa” e que era “reservado”. O pai, que partilha o mesmo nome com o filho, disse ainda não saber o porquê de Salvador se ter tornado violento, ou porquê que escolheu a escola como alvo.

Ainda assim, revelou ter notado que o filho estava diferente nos últimos meses, após ter comprado umas luvas de boxing. Na altura, Salvador avisou-o que, um daqueles dias, levaria “uma tareia” de alguém.

Ramos admitiu não passar muito tempo com o filho, visto estar a trabalhar fora de Uvalde. A pandemia foi também uma das razões pelo afastamento – a doença oncológica da sua mãe fez com que Ramos tivesse mais cuidado e evitasse ficar exposto à Covid-19. O filho, que teria uma relação difícil com a própria mãe, ficou frustrado com a situação, e não falava com o pai há cerca de um mês.

“A minha mãe diz-me que ele provavelmente também me teria alvejado, porque dizia sempre que não o amava”, contou ao mesmo meio de comunicação social.

Para o pai de Salvador, a culpa reside também na mãe do jovem, Adriana Reyes, que não lhe comprava material escolar, nem roupa, acrescentando que o filho era alvo de bullying na escola por usar as mesmas calças todos os dias, e que foi isso que o fez desistir dos estudos.

Stephen Garcia, amigo do atirador, corroborou esta versão da história ao The Washingtin Post, dizendo que Salvador era vítima de bullying e alvo de comentários homofóbicos por ter publicado uma fotografia em que usava lápis preto nos olhos.

Por outro lado, Nadia Reyes, colega do jovem, revelou ao mesmo jornal que Salvador “levava as coisas demasiado longe”. “Dizia coisas que não deveriam ser ditas, e depois ficava defensivo”, complementou.

“Quero que as pessoas saibam a história do meu filho. Não quero que o chamem de monstro… não sabem nada. Não sabem nada daquilo pelo qual ele estava a passar”, rematou.

A polícia sido criticada quanto à sua atuação no decorrer do tiroteio, tendo o pai de uma das vítimas dito aos jornalistas que queria ‘invadir’ a escola, uma vez que as autoridades estavam à espera do lado de fora sem “fazer nada como deveriam”, cita a Sky News.

Uma outra testemunha, que vive do lado oposto ao estabelecimento de ensino, terá denunciado que várias mulheres gritavam para que a polícia entrasse, quando o ataque teve início.

O porta-voz do Departamento de Segurança Pública do Texas, Victor Escalon, defendeu a conduta das autoridades, que terão chegado ao local “quatro minutos depois”, mas foram impedidas de agir “devido aos tiros”. Nesse sentido, abrigaram-se e pediram reforços, à medida que as crianças e professores eram retirados das salas de aula. Viram também o atirador a entrar numa sala, onde se barricou e acabou por levar a cabo o massacre.

Só uma hora depois é que a equipa tática da Patrulha de Fronteira dos EUA chegou, colocando um ponto final ao tiroteio e abatendo o suspeito, complementou Escalon, em conferência de imprensa, na quinta-feira.

Joaquín Castro, congressista eleito pelo Texas, terá endereçado uma carta ao FBI, apelando para que a resposta das autoridades seja investigada, devido às informações contraditórias, relata a BBC.

Este foi o tiroteio mais mortífero numa escola dos Estados Unidos desde o ataque a Sandy Hook, no Connecticut, que vitimou 20 crianças e seis funcionários.

Leia Também: Texas. A cronologia dos acontecimentos do ataque

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