Pandemia deixa estudantes chineses sem contacto com falantes de português

As restrições impostas pela China à entrada de estrangeiros, devido à pandemia de covid-19, tem reduzido o contacto dos estudantes com falantes nativos de português, dificultando a aprendizagem, disseram à Lusa vários professores chineses.

china, bandeira

© Reuters

Lusa
08/05/2022 08:49 ‧ 08/05/2022 por Lusa

Mundo

China

Para a professora Sílvia Yan Qiaorong, "a incerteza nesta época de pandemia" tem sido um dos grandes desafios de ensinar português na Universidade de Comunicação da China, na capital, Pequim.

A China vive a pior onda de surtos de covid-19 desde o início de 2020, com confinamentos em várias cidades, incluindo no maior centro financeiro do país, Xangai. Também em Pequim as aulas presenciais foram suspensas indefinidamente.

"Fazemos muitos esforços no ensino à distância, 'online', mas isso não pode substituir a comunicação face a face, especialmente num curso que precisa de muita prática", lamentou Sílvia Yan.

"Temos uma turma de alunos que entraram há dois anos. Nunca tiveram oportunidade de falar face a face com um falante nativo de português", sublinhou a professora.

A Universidade de Comunicação da China tem duas professoras brasileiras, mas que não conseguem regressar a Pequim. "Ensinam aulas 'online', mas não é a mesma coisa", admitiu Sílvia Yan.

Tanto a China continental como a região de Macau aplicam uma política rigorosa de 'zero casos', tendo mantido desde o início de 2020 fortes restrições à entrada, sobretudo de estrangeiros.

Tem havido um número significativo de portugueses, incluindo professores e advogados, a abandonar a região chinesa devido às restrições, sublinhou António Tam.

"Depois de mais de dois anos de pandemia, já chegou aquela altura em que não conseguem aguentar ficar só em Macau", disse à Lusa o professor de língua portuguesa na Escola Secundária Pui Ching.

E para os alunos de português, "depois da motivação para aprender uma língua nova, é preciso um ambiente com pessoas com quem possam falar e praticar", acrescentou António Tam.

As dificuldades das escolas de Macau em recrutar docentes de português já tinham levado o Governo a anunciar, em 14 de abril, um programa-piloto para levantar as restrições fronteiriças a alguns estrangeiros, incluindo professores portugueses.

Cerca de 50 instituições da China continental de ensino superior têm já cursos de língua portuguesa, mas Rodrigo Zhang Xiang acredita que Macau continua a ter "a sua própria vantagem": a presença de professores portugueses e brasileiros.

A cidade "tem um ambiente em que os alunos têm maior oportunidade para falar e praticar português, maior contacto com professores nativos", disse o docente da Universidade Politécnica de Macau.

"Isso cria mais oportunidades de sentir a cultura dos países de língua portuguesa e permite aos estudantes começar a ter uma visão mais ampla do que os alunos da China continental", acrescentou Rodrigo Zhang.

Leia Também: Líderes comunitários portugueses em Montreal reconhecidos por associação

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