Norman Tumuhimbise, que dirige o grupo de pressão "The Alternative Movement" (O Movimento Alternativo) e uma plataforma online chamada "Alternative Digitalk TV", deverá publicar no próximo dia 30 um livro em que critica o Presidente ugandês.
Tumuhimbise é o segundo escritor crítico do governo a ser detido nos últimos meses, depois de Kakwenza Rukirabashaija, que fugiu para a Alemanha em fevereiro, poucos dias depois de ter sido libertado sob fiança e quando aguardava julgamento.
Tumuhimbise, com 36 anos, foi detido com nove jornalistas na semana passada.
"Norman Tumuhimbise e a sua colega, Farida Bikobere, que trabalha com ele na Digitalk TV, foram acusados de assédio cibernético contra o Presidente", informou o seu advogado, Eron Kiiza, acrescentando que os outros sete foram libertados sem acusação.
"Ambos negaram as acusações e foram colocados em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Luzira [uma prisão de alta segurança na capital do Uganda, Kampala] até 21 de março", adiantou o causídico, que afirmou que Tumuhimbise e Bikobere "foram torturados, assim como os outros jornalistas com quem foram presos".
De acordo com documentos judiciais consultados pela agência France-Presse, os procuradores do Ministério Público ugandês acusam Norman Tumuhimbise e Farida Bikobere de utilizarem a plataforma online para transmitir "comunicação ofensiva (...) dirigida contra a pessoa do Presidente".
Também Kakwenza Rukirabashaija foi acusado pela justiça do Uganda de "comunicação ofensiva".
O escritor de 33 anos fugiu para a Alemanha no início de fevereiro para aí receber tratamento, depois de ter sido torturado na prisão, de acordo com o próprío.
Rukirabashaija foi detido em 28 de dezembro e acusado de "comunicação ofensiva" contra o Presidente Museveni e o seu filho, general Muhoozi Kainerugaba, numa série de tweets.
O Uganda tem sido marcado nos últimos anos pela repressão contra os jornalistas, assim como pela prisão de advogados e silenciamento dos líderes da oposição.
Muitos ativistas têm sido processados ao abrigo da "Lei sobre o uso indevido de computadores" de 2011.
Ao abrigo dessa lei, se condenados, Norman Tumuhimbise e Farida Bikobere enfrentam até um ano de prisão e/ou uma coima.
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