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Putin é "racional" e não irá utilizar "armas nucleares", diz ex-MNE russo

Para entender as ações de Putin, Andrei Kozyrev considera que é necessário “colocar-se no lugar dele” e há três pontos essenciais para “entender que a invasão foi racional”.

Putin é "racional" e não irá utilizar "armas nucleares", diz ex-MNE russo

Andrei Kozyrev, o primeiro ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa após a dissolução da União Soviética, afirmou no domingo que o presidente russo, Vladimir Putin, é “racional” e não irá recorrer a “armas nucleares” na invasão da Ucrânia.

“Há muitas discussões sobre a ameaça de uma guerra nuclear por parte do Kremlin e sobre se Putin é racional”, começou por afirmar na rede social Twitter.

Na ótica de Kozyrev, que foi ministro entre 1990 e 1996, durante a presidência de Boris Yeltsin, Putin “é um ator racional” e a Rússia não “utilizaria armas nucleares”.

Numa referência às análises sobre o estado mental e as ações do presidente russo - que as secretas norte-americanas acreditam ter sido impactadas pelos dois anos de isolamento devido à pandemia de Covid-19 - o político afirma que “começaram porque a maioria das pessoas, principalmente do Ocidente, vê a decisão de invadir a Ucrânia como totalmente irracional”. Mas Kozyrev, discorda: “É horrível, mas não irracional”.

Para entender as ações de Putin é necessário “entrar no lugar dele” e há três pontos essenciais para “entender que a invasão foi racional”.

O primeiro prende-se com a “condição da Ucrânia como país” e com o facto de Putin ter passado “os últimos 20 anos a acreditar que a Ucrânia não é uma nação real e, na melhor das hipóteses, deveria ser um estado satélite”. “[A revolução] Maidan acabou com qualquer esperança de manter a Ucrânia independente e pró-Kremlin. Ele [Putin] achava que o Ocidente estava por trás disso”, explicou, acrescentando que o russo “começou a acreditar na sua própria propaganda de que a Ucrânia era liderada por nazis” e na “necessidade de ‘desnazificar’" o país .

O segundo ponto está relacionado com a “condição dos militares russos”. “O Kremlin passou os últimos 20 anos a tentar modernizar as suas forças armadas. Grande parte deste orçamento foi roubado e gasto em mega-iates no Chipre. Mas, como conselheiro militar, não se pode dizer isso ao presidente. Então eles disseram mentiras em vez disso”, considerou.

Por último, existe a “condição geopolítica do Ocidente” e a “elite governante russa acreditar na sua própria propaganda de que o presidente Biden [dos Estados Unidos da América] é mentalmente inapto”. Além disso, as elites “também achavam que a União Europeia era fraca por causa de quão inúteis foram as suas sanções em 2014”, aquando da invasão russa da Crimeia. Depois, os “EUA fracassaram a sua retirada do Afeganistão, solidificando essa narrativa”.

Então, “se acreditarmos” que os três pontos são “verdadeiros” e que o objetivo de Putin é “restaurar a glória do Império Russo”, é “perfeitamente racional invadir a Ucrânia”.

“Ele calculou mal em todos os três pontos, mas isso não o torna louco. Simplesmente errado e imoral”, atirou.

Em suma, na opinião do antigo ministro, Putin “é racional” e, por isso, acredita “fortemente que não utilizará intencionalmente armas nucleares contra o Ocidente”. Mas, “bombardeamentos indiscriminados perto de uma central nuclear podem causar um desastre nuclear não intencional na Ucrânia”.

E mais: “A ameaça de uma guerra nuclear é outro exemplo da sua racionalidade. O Kremlin sabe que pode tentar extrair concessões, seja da Ucrânia ou do Ocidente, ao sacudir a sua última carta do baralho: as armas nucleares”.

“A conclusão final aqui é que o Ocidente não deve concordar com nenhuma concessão unilateral ou limitar demais o seu apoio à Ucrânia por medo de uma guerra nuclear”, considerou.

Andrei Kozyrev tem sido um crítico ativo da invasão russa da Ucrânia. Na semana passada, afirmou que a ação da Rússia era um “ato bárbaro” e que nunca poderia imaginar um acontecimento semelhante quando era ministro dos Negócios Estrangeiros. Antes, havia pedido aos diplomatas russos para se demitirem dos seus cargos como forma de protesto. 

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