Adolfo Suárez, o homem que abriu a porta à transição espanhola

Adolfo Suárez, primeiro presidente do Governo espanhol depois da ditadura franquista, hoje falecido, é considerado um dos pais da reforma que pôs fim à ditadura e permitiu a transição política em Espanha.

bandeira espanha

© Reuters

Lusa
23/03/2014 14:53 ‧ 23/03/2014 por Lusa

Mundo

Ferfil

Madrid, 23 mar - Adolfo Suárez, primeiro presidente do Governo espanhol depois da ditadura franquista, hoje falecido, é considerado um dos pais da reforma que pôs fim à ditadura e permitiu a transição política em Espanha.

Suárez, que morreu hoje aos 81 anos, entrou jovem na administração e na política, como protegido de Fernando Herrero Tejedor, um dos mais reformistas do regime de Franco a quem acabou por suceder, em 1975, como ministro secretário do Movimento, no primeiro Governo da monarquia.

Nasido em Ávila em 1932, Suárez esteve quase 10 anos ligado à Televisão Espanhola - chegou a diretor em 1973 - entrando depois firmemente na vida política.

Em julho de 1976 foi nomeado presidente do Governo, tornando-se em homem de confiança de Juan Carlos e iniciando a reforma que permitiria o fim da ditadura e os primeiros passos da transição.

'Pai' da Lei de Reforma Política, avançou depois com a primeira reforma militar e com a legalização do Partido Comunista e dos sindicatos.

Vencedor das eleições de junho de 1997 - à frente da União do Centro Democrático - formou o terceiro Governo da monarquia e o primeiro da democracia, assinado no mesmo ano os denominados "Pactos da Moncloa", apoiados por patrões e sindicatos.

Foram anos cruciais para a formação do 'esqueleto' da democracia espanhola, com a aprovação de estatutos de autonomia na Catalunha, País Basco e Galiza e, posteriormente, a redação da constituição que foi aprovada em dezembro de 1978.

Venceu as eleições de 1979, tornando-se no primeiro presidente do Governo constitucional, e enfrentou-se a uma dura realidade económica, com inflação e desemprego elevados, num ambiente agravado pelo terrorismo, então bastante ativo.

Aguentou uma moção de censura socialista (1980) mas acabou, sob forte pressão dentro e fora do seu partido, por se demitir em janeiro de 1981.

Um período intenso mas curto de governação: quatro anos e sete meses com cinco elencos diferentes, várias remodelações e quase 60 ministros diferentes.

É sob o seu Governo que Espanha vive também um dos momentos mais intensos do período da jovem democracia, com a tentativa de golpe de fevereiro de 1981.

Suarez cria em 1982 um novo partido, o Centro Democrático Social, que conseguiu dois lugares nas eleições seguintes, passando a ser a terceira força política quatro anos depois.

Em 1991 Suárez demite da presidência do CDS, abandona a política e dedica-se à família.

Apareceu publicamente pela última vez em maio de 2003 num comício de apresentação do filho, Adolfo Suárez Illana, como candidato á presidência de Castela La Mancha pelo PP.

Perdeu a mulher em 2001 e a filha em 2004 e para pagar os gastos das doenças de ambas hipotecou a casa que tinha em Ávila e, em 1995, perdeu-a por não conseguir pagar a hipoteca.

Sempre se negou a receber qualquer remuneração pela sua condição de ex-presidente do Governo e apenas tinha receitas do seu pequeno escritório de advogado.

Recebeu inúmeras condecorações espanholas e estrangeiras, incluindo a Grã Cruz da Ordem da Liberdade de Portugal.

 

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas