Moçambique. Responsável da UE defende presença em Cabo Delgado

O vice-almirante responsável pela missão da União Europeia em Moçambique defendeu uma alteração do mandato para permitir a presença dos militares europeus em Cabo Delgado, palco de insurgência armada.

Moçambique/Ataques: UE apoia com 40 ME forças formadas por missão militar

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Lusa
27/01/2022 18:58 ‧ 27/01/2022 por Lusa

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Moçambique

O vice-almirante Hervé Bléjean, diretor da Capacidade Militar de Planeamento e Condução da missão militar da UE (EUTM) em Moçambique, manifestou frustração perante os eurodeputados da subcomissão de Segurança e Defesa do Parlamento Europeu, durante uma audição esta quarta-feira.

"A situação de segurança permanece estável, sem grandes desafios para as atividades da EUTM, que é, recordo-vos, muito fora da província de Cabo Delgado", comentou.

A missão da EUTM está em Katembe, margem sul da baía de Maputo, junto à capital, e no Chimoio (centro de Moçambique).

Sobre este aspeto, o vice-almirante expressou frustração sobre a ausência dos militares europeus da zona do conflito.

"Atualmente o mandato que temos exclui aconselhamento estratégico, ao contrário do que fazemos noutros locais. A nossa capacidade de perceber realmente a natureza e eficácia das operações em Cabo Delgado é limitada e temos de encontrar outros meios, uma vez que não temos autorização para irmos lá", comentou.

"O Presidente [moçambicano, Filipe Nyusi] disse-me com um grande sorriso: 'vocês os soldados não querem ir lá, eu vou lá na próxima semana, os deputados vão lá, os embaixadores vão lá'", afirmou, mencionando que "a imagem não é muito boa para os soldados, que podem ser acusados de ser menos corajosos que outros".

"É no nosso interesse termos a possibilidade de viajarmos para lá", sublinhou.

Durante a audição, o vice-almirante Hervé Bléjean afirmou que "a situação de segurança na província de Cabo Delgado melhorou consideravelmente"

"Estou a falar da situação de segurança, mas ainda não da situação humanitária", ressalvou, salvaguardando que, "apesar de desenvolvimentos positivos, a situação requer uma atenção especial, uma vez que a insurreição tende a diluir e a alastrar não só às províncias vizinhas, especialmente Niassa, mas também à Tanzânia".

Aquela que é a primeira missão militar da UE em Moçambique, dedicada a treinar tropas para enfrentar a insurgência armada em Cabo Delgado, arrancou no início de novembro passado e é comandada por Hervé Bléjean e, no terreno, a direção operacional cabe ao brigadeiro-general português Nuno Lemos Pires.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade do Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar várias zonas ocupadas, mas continua a haver confrontos pontuais que em dezembro alastraram para a província do Niassa.

Leia Também: Moçambique/Ataques. União Europeia admite dar apoio financeiro ao Ruanda

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