Jornalista turco-alemão vai recorrer de sentença "dececionante"
O jornalista turco-alemão Deniz Yücel anunciou hoje que vai recorrer de parte da sentença "dececionante" do Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH), que condenou a Turquia a indemnizá-lo pelo ano que passou detido acusado de propaganda terrorista.
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Mundo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos
Na sua conta na rede social Twitter, Yücel admitiu tratar-se de "um bom veredicto", na medida em que confirma que todo o procedimento foi ilegal, mas criticou a decisão do tribunal por não reconhecer que foi submetido a tortura através de um confinamento solitário de nove meses e de "abusos físicos e psicológicos".
"Também dececionante e surpreendente é a recusa do TEDH em reconhecer a motivação política do processo, apesar de tudo o que está relacionado com o julgamento, incluindo as circunstâncias da minha libertação, tenha motivação política", argumentou Yücel, anunciando que vai recorrer desta parte da sentença.
Seven remarks on today's ruling of the European Court of Human Rights (ECtHR), @ECHR_CEDH, on my detention complaint.
— Deniz Yücel (@Besser_Deniz) January 25, 2022
O TEDH determinou hoje que, com a prisão do jornalista, em 2017 e 2018, a Turquia violou o direito à liberdade de opinião, bem como o direito de Yücel à liberdade, à segurança e a uma indemnização por ter sido preso injustamente, exigindo a Ancara que o compense com 13.300 euros.
Yücel, 48 anos, que em 2016 fez a cobertura para o jornal alemão Die Welt da repressão generalizada após o golpe fracassado contra o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, "foi detido e mantido em prisão preventiva sem razões plausíveis para suspeitar que tivesse cometido uma ofensa penal", considerou o TEDH em comunicado.
"A privação de liberdade pode ser considerada como uma 'ingerência' no exercício deste último do seu direito à liberdade de expressão", sublinhou o TEDH.
Em fevereiro de 2017, a prisão de Yücel gerou uma onda de indignação e mobilização na Alemanha e afetou as relações entre os dois países, ligados em particular pela presença de três milhões de turcos em território alemão.
Libertado em fevereiro de 2018, Yücel foi autorizado a deixar a Turquia e a viajar para a Alemanha, o que permitiu uma distensão nas relações entre os dois países.
Em maio de 2019, o Tribunal Constitucional turco considerou que Yücel foi vítima da violação do seu direito à liberdade e segurança, bem como do seu direito à liberdade de expressão e de imprensa.
Em julho de 2020, contudo, um tribunal de Istambul condenou-o à revelia a dois anos, nove meses e 22 dias de prisão por "propaganda terrorista" para o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado um grupo "terrorista" por Ancara, após um julgamento que provocou novas tensões diplomáticas entre a Turquia e a Alemanha.
O jornalista, que tem dupla nacionalidade, argumentou sempre que uma entrevista realizada a um dirigente do PKK se insere na sua atividade jornalística.
Também em julho de 2020, o Governo alemão protestou contra a "inexplicável" condenação na Turquia do jornalista turco-alemão e advertiu que a sentença impedia uma "normalização" das relações de Ancara com Berlim e com a União Europeia (UE).
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