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Zemmour diz anular acordo que facilita trabalho e residência de argelinos

O candidato presidencial francês de extrema-direita Eric Zemmour disse hoje pretender conversar "de homem para homem" com os argelinos e anunciou que anula, se for eleito, o acordo de 1968 que facilita o trabalho e a residência de imigrantes argelinos.

Zemmour diz anular acordo que facilita trabalho e residência de argelinos
Notícias ao Minuto

20:55 - 17/01/22 por Lusa

Mundo França

"É a nossa fraqueza que torna os líderes argelinos arrogantes, mas eles respeitarão as pessoas que se respeitam", disse Zemmour, ele próprio de origem argelina, num encontro com a Associação de Imprensa Estrangeira (APE, na sigla em francês).

Zemmour considera que os dirigentes argelinos "vão entender" o que lhes pretende dizer: "Não há culpa francesa", continuou, reconhecendo que as relações entre Paris e a sua ex-colónia sempre foram complexas e turbulentas, especialmente em questões de memória história.

"Se colonizámos a Argélia durante 130 anos, não fomos os primeiros nem os únicos, a Argélia sempre foi uma terra de colonização, pelos romanos, pelos árabes, pelos turcos, pelos espanhóis...", acrescentou.

Referindo-se ao legado colonial gaulês, Zemmour considera que a França "deixou mais coisas do que todos os outros colonizadores", citando "as estradas, os institutos de saúde (...), o petróleo que a França encontrou e que permite alimentar 40 milhões de argelinos".

"Houve massacres, confrontos, não nego absolutamente, mas do outro lado não lutaram com rosas, é a história do mundo", destacou, a poucos meses do 60.º aniversário dos acordos de Evian (18 de março de 1962) que abriram caminho para a independência da Argélia.

"Aos dirigentes argelinos, digo: falamos como homens, como pessoas responsáveis", continuou, considerando que os dois países têm coisas a fazer em conjunto e interesses comuns, como a segurança do Mali.

Mas "a Argélia terá que deixar de considerar que a França é a saída de seu excesso demográfico", alertou, dizendo estar particularmente determinado em abolir o acordo franco-argelino de 1968 que facilita a circulação, o trabalho e a permanência dos argelinos na França.

Além disso, "o arrependimento nem será assunto de discussão", concluiu.

Éric Zemmour foi hoje condenado em Paris a uma multa de 10.000 euros por incitação ao ódio, pelas suas afirmações sobre migrantes menores desacompanhados.

Ausente da leitura da sentença, como do julgamento, em novembro, o candidato presidencial, caracterizado como um "habitué" das ações judiciais, foi julgado pelo tribunal criminal por ter qualificado na televisão os migrantes menores desacompanhados como "ladrões", "assassinos" e "violadores".

Aquele a quem as mais recentes sondagens atribuem o quarto lugar na primeira volta das presidenciais em abril (com cerca de 13% dos votos) criticou esta condenação, classificando-a como "ideológica e estúpida", e vai recorrer da sentença, anunciou o seu advogado, Olivier Pardo.

As polémicas declarações de Éric Zemmour, de 63 anos, valeram-lhe na última década cerca de 15 processos judiciais por insulto racial, incitação ao ódio e acusação de crime contra a Humanidade.

Várias vezes absolvido, foi condenado duas vezes por incitação ao ódio.

Desta vez, foi processado por afirmações proferidas a 29 de setembro de 2020, durante um debate no programa "Face à l'info", no canal televisivo CNews, após um ataque em frente às antigas instalações do jornal satírico Charlie Hebdo.

Cerca de 30 associações constituíram-se como partes civis nesta ação judicial, entre as quais SOS Racismo, Liga dos Direitos Humanos (LDH) e Licra, bem como cerca de 20 organismos governamentais -- estando os menores desacompanhados a cargo da Ajuda Social à Infância (ASE).

Arié Alimi, advogado da LDH, saudou à imprensa o que descreveu como "uma decisão importante".

"Por detrás deste projeto mediático, há um projeto político: é um projeto de ódio, um projeto que tende a estigmatizar as pessoas em função da sua origem, em função da sua religião, da sua raça", sublinhou.

Leia Também: Eric Zemmour acusado de discurso de ódio após ataque a crianças migrantes

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