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Família palestiniana em protesto em Jerusalém contra despejo de casa

Uma família palestiniana entrincheirou-se hoje na sua casa em Jerusalém leste devido a uma ordem judicial de despejo e iniciou negociações com as autoridades israelitas para evitar a expulsão, também imposta a outras dezenas de moradores.

Família palestiniana em protesto em Jerusalém contra despejo de casa
Notícias ao Minuto

18:31 - 17/01/22 por Lusa

Mundo Palestina

"Esperamos que a Câmara Municipal e a polícia façam o correto, o razoável para evitar o despejo. Mas enquanto não existir um compromisso por escrito, é difícil que aconteça", declarou em comunicado um comité de apoio à família Salhiya, após escavadoras israelitas terem derrubado um quintal junto à casa.

Em paralelo, as autoridades israelitas aprovaram ainda hoje um novo plano para a construção de 1.465 casas em Jerusalém que abrange parte do território palestiniano ocupado da cidade, confirmou à agência noticiosa EFE a organização não-governamental (ONG) israelita Paz Agora.

"Os planos juntam-se à tensão no terreno e resultam de uma flagrante discriminação do Governo que está a construir em Jerusalém leste [território ocupado e anexado pelo Estado hebreu] apenas para os israelitas, enquanto as centenas de milhares de palestinianos não podem construir quase nada", acrescentou a ONG.

Este novo bairro situa-se entre os colonatos israelitas de Givat Hamatos e Har Homa, e apesar de apenas metade do projeto ser construído em zona ocupada, a Paz Agora indicou tratar-se de uma "área estratégica" que impede a ligação territorial entre os bairros palestinianos de Jerusalém e Belém.

No tradicional bairro de Sheij Yarrah, a edilidade de Jerusalém expropriou os terrenos que esta família ocupa desde a década de 1950, e hoje 15 dos seus membros entrincheiraram-se na sua casa, sem luz desde o corte de eletricidade ocorrido ao início da tarde, e ameaçam "fazê-la voar" caso sejam forçados a abandonar a habitação.

"Temos esta casa desde a década de 1950 e lutámos contra o desalojamento durante 25 anos. Ofereceram-nos dinheiro para sairmos, e lutámos para salvar a nossa casa", indicou Abdallah Ikiramhawi, um dos membros da família, citado pela EFE.

O caso dos Salhiya inclui-se entre as dezenas de ordens de expulsão dirigidos a habitantes palestinianos do tradicional bairro de Sheij Yarrah, a maioria por pedidos de judeus que reivindicam a propriedade das casas, mas neste caso foram as autoridades israelitas que decretaram a expropriação do terreno ao indicarem pretender construir uma escola.

Os Salhiya, à semelhança de grande parte dos habitantes deste bairro, são refugiados palestinianos na sequência da fundação do Estado de Israel em 1948.

A polícia israelita mantinha desde esta manhã um vasto dispositivo de segurança que impedia o acesso à habitação e à rua onde se situa a casa da família Salhiya, enquanto nas proximidades se concentravam populares e ativistas pró-palestinianos.

Missões diplomáticas da União Europeia (UE) também se deslocaram ao bairro, onde permanecia um clima de alta tensão, e pediram o adiamento do despejo até à deliberação judicial sobre este caso prevista para o próximo domingo.

"É imperativo procurar uma resolução pacífica. Os despejos e as demolições são ilegais segundo o Direito Internacional e comprometem significativamente as perspetivas de paz, para além de fomentarem as tensões no terreno", indicou em comunicado a missão diplomática da UE em Jerusalém.

"Aqui ocorre um enorme crime contra os palestinianos, como em todo o Jerusalém leste, sob ocupação, como toda a Cisjordânia", considerou Ofer Kasif, deputado da coligação de esquerda Lista Unida no parlamento israelita, que também se deslocou ao local.

As ordens de expulsão emitidas pelo Estado judaico aos habitantes palestinianos do emblemático bairro de Seij Yarrah originaram uma forte oposição local e internacional, e desde maio passado têm decorrido numerosos protestos, alguns reprimidos pela força.

Jerusalém leste, onde ainda residem mais de 300.000 palestinianos e cerca de 200.000 colonos israelitas, está ocupada e anexada pelas autoridades israelitas, que impõem as suas leis civis em oposição às normas do Direito Internacional, que considera Israel um "Estado ocupante".

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