O despacho assinado por Hamadou Amadou Souley, ministro do Interior, determina que oito pessoas "são definitivamente expulsas do território do Níger com uma proibição permanente da sua permanência por razões diplomáticas".
A lista de oito nomes, incluindo quatro genocidas condenados pelo Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (ICTR, na sigla em inglês) é composta pelo antigo prefeito de Butare (sul), Alphonse Nteziryayo, o antigo chefe dos serviços secretos militares Anatole Nsengiyumva, o tenente-coronel Tharcisse Muvunyi e o capitão Innocent Sahgahutu, que cumpriram as respetivas penas.
Outras quatro personalidades abrangidas pelo decreto foram absolvidas pelo ICTR: Protais Zigiranyirazo, irmão da antiga primeira-dama Agathe Habyarimana, considerado uma figura do regime hutu, François-Xavier Nzuwonemeye, antigo comandante de uma unidade de elite do exército ruandês, o antigo ministro dos Transportes André Ntagerura, e o antigo ministro da Administração Pública Prosper Mugiraneza.
"As partes interessadas serão notificadas para abandonar o território da República do Níger no prazo de sete dias a contar da data de notificação da presente ordem", lê-se no texto, sem indicar o destino futuro dos nomes envolvidos.
A autenticidade do despacho, publicado pelo jornal nigerino Aïr Info, foi confirmada pelo ministro do Interior do Níger à agência France-Presse, que não revelou mais pormenores sobre as razões da expulsão. "A razão, vocês viram-no no papel", disse apenas.
Em 15 de novembro, o Níger assinou um acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) para acolher nove personalidades ruandesas, as oito visadas pela ordem de expulsão e ainda Jerome Clement Bicamumpaka, ex-ministro ruandês dos Negócios Estrangeiros em 1994, também absolvido pelo ICTR.
Segundo a Jeune Afrique, o descontentamento de Kigali está na origem desta reviravolta por parte das autoridades nigerinas.
Entre abril e julho de 1994, o genocídio no Ruanda ceifou cerca de 800.000 vidas, segundo a ONU, na sua maioria de etnia tutsi.