"Atendemos mais de dez setores, entre eles alimentação, água, saneamento e higiene, educação, transferência de dinheiro, beneficiando 1,4 milhões de pessoas dentro e fora da Venezuela, com um investimento de mais de 47 milhões de euros", segundo um documento divulgado na página na Internet.
Os espaços de atuação "ampliam-se e reforçam-se com a presença da Cáritas Venezuela em espaços como o Exame Periódico Universal que dirige o Gabinete do Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o Conselho dos Direitos Humanos e outros".
O documento começa por explicar que o Grupo de Trabalho Internacional sobre a Crise Venezuela (GTV), constatou que "continuam a existir razões para que os venezuelanos fujam do seu país".
A posição da Cáritas é o resultado de uma reunião em que participaram 19 organizações da Cáritas, latino-americanas, europeias e internacionais, em que foi avaliado o trabalho realizado desde 2017.
"A realidade que deu origem à crise humanitária continua acompanhada por uma crise irreversível da democracia" e "a crise migratória está a agravar-se, tornando-se mais complexa e enraizada", refere a Cáritas.
"Todos os dias mais de mil pessoas deixam a Venezuela. A maioria deles entra irregularmente nos países de destino, e as deportações estão a aumentar", alerta o documento.
Segundo a Cáritas, "a migração envolve as pessoas mais vulneráveis, vítimas de diferentes formas de violência, exclusão e crime organizado: famílias lideradas por mulheres, crianças e adolescentes (muitas vezes sozinhos), pessoas com deficiência, idosos, populações indígenas e LGBT+".
"As políticas de migração estão a mudar e a tornar-se cada vez mais rígidas; vários instrumentos legais que favorecem a proteção, promoção e integração dos migrantes expiram em 2021".
A organização considera que "paralelamente à dureza das políticas, os cruzamentos ilegais estão a aumentar e, com eles, os riscos" com os migrantes a chegarem às fronteiras dos países de acolhimento sem a documentação e desinformados sobre a política de migração.
"Em muitos países de acolhimento continuam a sofrer de xenofobia e discriminação, de acesso limitado aos cuidados de saúde (especialmente para pessoas com doenças não transmissíveis), educação, habitação (devido a rendas insuportáveis) e impedimentos à inserção no mercado de trabalho devido a limitações na validação das qualificações".
A Cáritas afirma ainda que "existem 'pontos quentes' de maior risco e violência" na fronteira entre a Colômbia e o Panamá onde "grupos irregulares e máfias controlam a selva de Darien, explorando-a para o tráfico de órgãos e sexo".
Por outro lado, entre o Peru e o Chile, "existe um extenso território com campos minados" e entre o Peru e o Equador, os "coiotes" enganam e se unem a redes de tráfico.
Na Colômbia, "a violência assumiu a forma de assassínios em massa, recrutamento por grupos irregulares e raptos", explica.
Segundo diversas organizações, mais de 6 milhões de venezuelanos abandonaram o seu país nos últimos anos, escapando da crise política, económica e social que afeta a Venezuela.
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