O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, disse ainda que, em janeiro, o seu Governo também iniciará conversações separadas com a Aliança Atlântica, para discutir o assunto, acrescentando que as discussões separadas se realizarão sob os auspícios da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Na semana passada, Moscovo apresentou uma proposta exigindo que os países membros da NATO retirassem o convite de adesão à organização por parte da Ucrânia e de outros países da esfera de influência da antiga União Soviética.
Washington e os seus aliados europeus recusaram aceitar a proposta, mas disseram estar disponíveis para negociações.
Hoje, o Kremlin avisou que essas conversas não se devem transformar numa "maratona de negociações".
"Claro que é impossível falar em prazos específicos, mas o importante é que (o processo) não se transforme numa maratona de negociações", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, numa conferência de imprensa.
"De qualquer forma, estamos interessados nessas negociações. Elas estão planeadas para que possamos discutir a nossa posição", adiantou.
As exigências de Moscovo surgem num contexto de tensão face às queixas de Kiev sobre a presença de cerca de 100.000 soldados russos junto às fronteiras da Ucrânia, sugerindo a iminência de uma invasão.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, avisou o seu homólogo russo, Vladimir Putin, durante uma videoconferência no início deste mês, de que a Rússia enfrentará "graves consequências" se atacar a Ucrânia, mas o Kremlin já disse que não tem planos para lançar qualquer ataque.
"Não queremos uma guerra. Não queremos seguir o caminho do confronto. Mas vamos garantir firmemente a nossa segurança usando os meios que consideramos necessários", insistiu hoje Lavrov.
Numa entrevista a uma estação televisiva russa, o chefe da diplomacia russa falou ainda sobre a situação na América Latina, sublinhando que o seu Governo não vê a região como "um espaço para jogos geopolíticos".
"A Rússia nunca construiu as suas relações com a América Latina com base nos governos que estão no poder. Queremos aprofundar a amizade e a cooperação mutuamente benéfica com países e povos e não com um Governo específico", acrescentou.
Três dias depois da vitória de um candidato de esquerda progressista nas eleições presidenciais do Chile, Lavrov disse que a América Latina está a assistir a "uma nova onda de forças saudáveis de orientação nacional, que estão a chegar ao poder, o que reflete uma tendência geral de fracasso do projeto neoliberal".