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Vitória de Boric no Chile ajuda campanha de Lula da Silva

Analistas consideram que a eleição de Gabriel Boric como Presidente do Chile reforça o domínio da esquerda na América Latina e ajuda na provável candidatura de Lula da Silva às presidenciais no Brasil, em 2022.

Vitória de Boric no Chile ajuda campanha de Lula da Silva
Notícias ao Minuto

12:23 - 21/12/21 por Lusa

Mundo Analistas

"Com o triunfo de Gabriel Boric, estamos perante um novo domínio da esquerda na América Latina, sobretudo se considerarmos que nas próximas eleições na Colômbia e no Brasil, os favoritos são candidatos de esquerda que se veem ainda mais beneficiados pelo resultado eleitoral chileno", avaliou à Lusa o analista político peruano Carlos Meléndez, da Universidade Diego Portales do Chile e especialista em análises comparadas entre os países da região.

Quase 36 horas depois de Gabriel Boric, aliado de Luís Inácio Lula da Silva, vencer a eleição presidencial no Chile, derrotando o aliado de Jair Bolsonaro, José Antonio Kast, o Presidente brasileiro tornou-se o único em toda a região a ignorar a vitória do chileno, isolando-se no silêncio. Enquanto a vitória da extrema-esquerda de Boric favorece a campanha de Lula da Silva, a derrota de Kast impede Bolsonaro de somar um aliado da extrema-direita.

"O derrotado Kast era um aliado de Bolsonaro. A direita demonstra não ter uma estratégia ganhadora nas eleições e inclinar-se ao extremo não funcionou no caso do Chile. Agora, ao assumir a Presidência, o vitorioso Boric passará 2022 a falar a favor de Lula no Brasil, devolvendo a campanha que Lula fez a favor de Boric", explicou à Lusa o sociólogo Patricio Navia, analista político da chilena Universidade de Diego Portales e da norte-americana New York University.

Gabriel Boric, de apenas 35 anos, tornou-se o mais jovem e o mais votado Presidente eleito no Chile. Na segunda volta das eleições realizada neste domingo (19), foi eleito com 55,87% dos votos, à frente da extrema-direita de José Antonio Kast, com 44,13%.

"Se Boric, um jovem sem nenhuma experiência, conseguiu ganhar uma eleição, Lula, um ex-Presidente com muita experiência, que já demonstrou saber governar, estará numa posição ainda melhor", apontou Navia.

"A derrota de Kast atinge Bolsonaro, que tem perdido aliados na região. Cada vez lhe custa mais encontrar referentes latino-americanos", observou Meléndez.

O primeiro Presidente a dar os parabéns a Boric foi o argentino Alberto Fernández através de um telefonema assim que foi confirmada a vitória do chileno nas urnas.

"Aqui tens um amigo e estás convidado a vires à Argentina quando quiseres. Tomara que a tua primeira viagem seja ao nosso país", disse Alberto Fernández, confirmando a sua presença na posse de Gabriel Boric no próximo dia 11 de março.

Embora Chile e Bolívia não tenham relações diplomáticas desde 1978, devido à procura boliviana por uma saída soberana ao oceano depois de o Chile derrotar a Bolívia e o Peru na Guerra do Pacífico (1879-1883), o Presidente boliviano, Luis Arce, também cumprimentou o eleito Gabriel Boric.

O líder peruano, Pedro Castillo, deu os parabéns ao Presidente eleito no Chile a quem classificou como "querido amigo".

Os Presidentes de Argentina, Bolívia e Peru são de esquerda, em sintonia ideológica com o eleito no Chile. Mas também os líderes de Uruguai, Colômbia, Paraguai e Equador, identificados com a direita, cumprimentaram o novo Presidente chileno.

O liberal uruguaio Luis Lacalle Pou felicitou Gabriel Boric, a quem desejou "êxito para o bem do povo chileno". O colombiano Iván Duque deu-lhe os parabéns e disse esperar "um trabalho em conjunto para fortalecer as relações entre dois países irmãos". No mesmo sentido, foi a saudação do Presidente do Paraguai, Mario Abdo.

O também liberal equatoriano, Guillermo Lasso, desejou êxitos a Gabriel Boric, mas também destacou a atitude do derrotado José Antonio Kast pelo "gesto democrático" de reconhecer imediatamente a derrota e colocar-se à disposição do adversário vitorioso.

Essa postura de Kast também é apontada pelos analistas como uma derrota para Bolsonaro, que, antecipadamente, indica questionar a transparência das eleições de 2022.

"Aqui no Chile não estamos perante uma direita como Donald Trump nem como Jair Bolsonaro, que apelam à fraude, colocam em dúvida os resultados eleitorais e atacam a institucionalidade. Kast sabe que perdeu porque foi classificado como fascista pelo seu histórico apoio à ditadura de Augusto Pinochet. Mesmo assim, defende a institucionalidade", compara Carlos Meléndez.

Enquanto Bolsonaro se mantém em silêncio, o ex-Presidente Lula da Silva manifestou-se "feliz por mais uma vitória de um candidato democrata e progressista na nossa América Latina".

Na semana passada, em visita à Argentina, Lula da Silva fez campanha por Boric. Chegou a posar para fotos com o boné de Boric, cercado por bandeiras do candidato e com militantes chilenos.

"Se eu ganhar as eleições no Brasil, com o Alberto Fernández aqui (em Buenos Aires) e com um Governo progressista no Chile, nós vamos poder fazer muita coisa pela nossa querida América do Sul", afirmou o ex-Presidente brasileiro, no dia 11 de dezembro, a um auditório com líderes sindicalistas, legisladores governantes e militantes de esquerda.

Não é a primeira vez que Bolsonaro ignora um eleito devido à sua posição ideológica. Há um ano, demorou 38 dias para cumprimentar o atual Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e nunca felicitou Alberto Fernández pela sua vitória em 2019, mesmo sendo a Argentina o parceiro estratégico do Brasil.

Leia Também: Marcelo felicita Gabriel Boric pela eleição como presidente do Chile

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