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Olaf Scholz aos comandos na Alemanha após final da era Merkel

Dois meses e meio após as eleições legislativas na Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz tornou-se hoje o novo chanceler da primeira economia europeia, eleito pelos deputados para suceder à conservadora Angela Merkel, que esteve 16 anos no poder.

Olaf Scholz aos comandos na Alemanha após final da era Merkel
Notícias ao Minuto

13:44 - 08/12/21 por Lusa

Mundo Olaf Scholz

Dos 736 membros do Parlamento alemão (Bundestag) saídos da votação de 26 de setembro, 395 votaram hoje em Scholz, 303 contra e seis abstiveram-se, o que permitiu ao líder social-democrata tornar-se o nono chanceler da Alemanha pós-guerra e fazer regressar o centro-esquerda ao poder na Alemanha.

"Sim", respondeu Scholz à presidente do Bundestag, Bärbel Bas, que lhe perguntou se aceitava o resultado da votação. 

O Presidente da República Federal, Frank-Walter Steinmeier, entregou-lhe então o "ato de nomeação", marcando assim o início oficial do mandato de quatro anos. 

O ex-prefeito de Hamburgo, 63 anos, prestou juramento perante o Bundestag ao ler o artigo 56.º da Constituição, no qual promete, em particular, "dedicar as forças ao bem do povo alemão". 

Conhecido pela sua sobriedade, o novo chefe de Governo alemão, sorrindo, recebeu já parabéns de muitos governantes eleitos, entre buquês de flores - além de uma cesta de maçãs - e posou para muitas 'selfies'. Os seus pais e a sua mulher, Britta Ernst, ministra regional social-democrata, compareceram ao evento.

Não houve dúvidas sobre a sua eleição: o Partido Social-Democrata (SPD), que ganhou as eleições legislativas, tem uma confortável maioria (206 assentos parlamentares), a que se juntam os dois novos parceiros de coligação, os Verdes (118) e os liberais do FDP (92). 

A votação de hoje marcou a saída de cena de Angela Merkel após quatro mandatos que, por nove dias, não a permitiram quebrar o recorde de longevidade de Helmut Kohl (1982-1998).

Presente na assembleia para assistir à eleição do seu sucessor, Merkel foi longamente aplaudida pelos deputados, a maioria de pé, antes da abertura do plenário. 

Na resposta, Merkel, com uma máscara médica no rosto, acenou a partir da Tribuna de Honra.

O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, já prometeu a Scholz que vão escrever, juntos, "o próximo capítulo" da história europeia, enquanto a Presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, que, regozijando-se com a eleição, disse que pretende trabalhar com o novo chanceler alemão "por uma Europa forte". 

Olaf Scholz encontra-se com os dois na sexta-feira, naquela que será a sua primeira viagem ao estrangeiro. 

O Kremlin, por sua vez, indicou que pretende uma "relação construtiva" com o novo chanceler, num momento em que a tensão entre a União Europeia (UE) e Moscovo está "elevada", enquanto o Presidente chinês, Xi Jinping disse estar "pronto" para elevar para um "novo nível" as relações com a Alemanha.

Merkel, que tem recebido homenagens em cascata nas últimas semanas, deixará a Chancelaria para sempre após a cerimónia de entrega do poder ao início da tarde de hoje. A líder, no auge da popularidade, encerrou 31 anos de carreira política. 

Feminista convicto, Scholz assumirá as rédeas de um governo constituído pela primeira vez com igual número de homens e de mulheres.

Muitas vezes comparado a um robô pelo tom monocórdico e um discurso repetitivo Scholz, vice-chanceler e ministro das Finanças no Governo cessante, é considerado um político pragmático e introvertido, que só fala o estritamente necessário.

Quando o SPD o nomeou candidato a chanceler um ano antes das eleições, era tido como o mais improvável sucessor da primeira mulher que liderou a Alemanha.

Scholz tinha perdido a eleição para presidente do SPD para a ala esquerda em 2019 e era visto no partido como um centrista próximo de Merkel.

Mas a sua gestão da crise provocada pela pandemia de covid-19 foi considerada decisiva para a vitória nas eleições de 26 de setembro deste ano. Com apenas 15% nas sondagens na primavera, o SPD apostou na experiência governamental do também antigo presidente da câmara de Hamburgo (2011-18) para o projetar como um estadista seguro e confiável.

Scholz prometeu continuidade aos alemães, que lhe terão reconhecido o pragmatismo perante a pandemia, apesar do seu princípio de que "só se dá o que se tem". Como ministro das Finanças, não hesitou em romper com o dogma orçamental para criar, em março de 2020, uma "bazuca" de 750 mil milhões de euros para ajudar empresas e trabalhadores afetados pelas medidas anticovid-19.

Scholz prometeu que o país vai recuperar "em menos de 10 anos" e, apesar de ter sido referido em dois escândalos financeiros durante a campanha, os alemães deram ao SPD 25,7% dos votos em setembro.

Descrito pela revista Der Spiegel como "a encarnação do tédio na política", segundo a agência France-Presse, Scholz chegou a chanceler após 46 anos na política.

Nascido na cidade de Osnabrück (noroeste) em 14 de junho de 1958, juntou-se ao movimento juvenil do SPD, o Jusos, em 1975. Tinha cabelo comprido, usava camisolas de lã e participava em numerosas manifestações de paz, assinalou a AFP.

Licenciado em Direito, abriu um escritório de advogados especializado em direito do trabalho em 1985, em Hamburgo. Após a reunificação alemã em 1990, defendeu trabalhadores em casos relacionados com a privatização de antigas empresas da República Democrática Alemã (RDA).

Eleito deputado ao Parlamento Federal em 1998, Scholz tornou-se secretário-geral do SPD em 2002, e teve de explicar quase todos os dias as reformas liberais impopulares de Schröder.

Europeísta convicto, Olaf Scholz será o nono chanceler alemão desde 1949, quando Konrad Adenauer assumiu a chefia do governo da então Alemanha Ocidental, depois de a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ter destruído e dividido o país. Desde então, a Alemanha teve cinco chanceleres da CDU, sendo Olaf Scholz o quarto do SPD.

Leia Também: Xi Jinping pronto para elevar para "novo nível" relações com Alemanha

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