Rússia reconhece esforços do governo talibã para estabilizar Afeganistão

O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, disse hoje que a Rússia reconhece os "esforços" dos talibãs na estabilização do Afeganistão, numa altura em que os riscos do "terrorismo" no país ameaçam toda a região.

KABUL, AFGHANISTAN - AUGUST 26: A general view of the area after two explosions reported outside Hamid Karzai International Airport, the center of evacuation efforts from Afghanistan since the Taliban took over in Kabul, Afghanistan on August 26, 2021. (P

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Lusa
20/10/2021 11:15 ‧ 20/10/2021 por Lusa

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Afeganistão

"Nós reconhecemos os esforços levados a cabo para a estabilização e a situação política e militar", disse Lavrov durante o primeiro encontro internacional, em Moscovo, com o novo poder afegão.

Lavrov notou que existem atualmente riscos de "atividades terroristas e de tráfico de droga transbordarem do território para os países vizinhos". 

Colocando-se como Estado protetor da região, a Rússia realiza hoje em Moscovo um encontro internacional sobre o Afeganistão em que participam os representantes do autodenominado Emirado Islâmico e dez países, entre os quais a República Popular da China, o Paquistão e o Irão.

No encontro de Moscovo, os talibãs são representados pelo vice-primeiro-ministro Abdul Salam Hanafi, que já tinha participado nas negociações com os norte-americanos no Qatar e que conduziram à retirada dos Estados Unidos do país, em agosto.

O porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujadi, disse que as conversações reforçam "a estatura" do novo governo afegão.

Os Estados Unidos não participam no encontro de Moscovo.

Perante a delegação chefiada pelo vice-primeiro-ministro Abdul Salam Hanafi e o ministro dos Negócios Estrangeiros do autoproclamado Emirato Islâmico, Amir Khan Muttaqi, Lavrov apelou à "comunidade internacional" no sentido da ajuda aos afegão.

O novo regime do Afeganistão é alvo de sanções internacionais e não dispõe de fundos para conseguir empréstimos bancários ou pagar salários.

"Nós estamos convencidos que chegou o momento para a comunidade internacional se mobilizar no sentido de se conseguir ajuda humanitária, financeira e económica, nomeadamente, para impedir uma crise humanitária e êxodos migratórios", acrescentou Lavrov.

Neste sentido, o chefe da diplomacia de Moscovo lamentou a ausência de delegados norte-americanos no encontro que decorre hoje em Moscovo.

A Rússia pretende que os talibãs tomem medidas para estabilizarem a situação política e militar e que formem um governo "inclusivo" capaz de neutralizar os "grupos jhiadistas". 

Desde a tomada do poder em Cabul, em virtude da retirada dos Estados Unidos, os talibãs são confrontados por grupos armados, nomeadamente o Estado Islâmico - Khorosan (EI-K).

Na semana passada, o presidente russo Vladimir Putin expressou inquietação quanto à capacidade dos talibãs em impedir as ações dos grupos armados que "têm planos para estender a influência aos países da Ásia Central e às regiões russas".  

Nos últimos meses, Moscovo multiplicou a operacionalidade das manobras militares junto à fronteira afegã com os aliados regionais, reforçando nomeadamente a base russa no Tajiquistão.

A República Popular da China também mobilizou o Exército Popular de Libertação para manobras militares junto à fronteira com o Afeganistão. 

Os representantes russos, turcos, iranianos, europeus e dos países da Ásia Central disseram que é preciso evitar uma crise de refugiados.

Lavrov reiterou hoje que os "jhiadistas" podem vir a "esconder-se entre os fluxos migratórios".

Apesar dos contactos diretos a Rússia ainda não se pronunciou sobre o reconhecimento imediato do Emirato Islâmico como governo legítimo do Afeganistão.

Leia Também: Talibãs esperam reconhecimento de participantes na reunião de Moscovo

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