Samora está sob fogo em Cabo Delgado, mas SADC responde, diz Nyusi

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, referiu hoje que "o projeto de Samora Machel", primeiro chefe de Estado moçambicano, está ameaçado pelos ataques insurgentes no norte do país, mas a resposta da África Austral é promissora.

Presidente, Filipe Nyusi

© Reuters

Lusa
19/10/2021 20:07 ‧ 19/10/2021 por Lusa

Mundo

Moçambique

"O projeto de Samora Machel está ameaçado por ações macabras em Cabo Delgado", disse Nyusi, durante uma cerimónia em Mbuzini, na África do Sul, no memorial e museu criados no local onde há 35 anos se despenhou o avião em que perdeu a vida o primeiro Presidente de Moçambique independente.

Nyusi fez uma alusão à onda de violência que já dura há quatro anos e que se transformou numa guerra que desde julho conta com apoios militares do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Apesar das ameaças à visão que Samora traçou para o país, Filipe Nyusi enalteceu o apoio da SADC, nomeadamente da África do Sul.

Uma nota feita ao lado de Cyril Ramaphosa, Presidente sul-africano, que participou também na cerimónia.

A África do Sul é um dos países que integram a força conjunta da SADC a combater em Cabo Delgado e cujo apoio está a permitir às Forças Armadas e de Defesa de Moçambique (FADM) virar a seu favor a maré da guerra.

Nyusi agradeceu o empenho dos "filhos" da África do Sul em Cabo Delgado e referiu que o apoio militar conjunto está a permitir "travar a agressão" contra o país e "os resultados são promissores".

Nyusi enalteceu a família Machel, com a viúva Graça ao seu lado, e destacou a "homenagem conjunta" de hoje como um evento "que vai prevalecer através de várias gerações".

Graça Machel, ativista e viúva de Samora Machel, considerou hoje que o primeiro Presidente moçambicano foi "assassinado" para calar uma voz de referência na região.

"Eu quero dizer aos meus filhos, jovens africanos, que estão nos seus 30 ou 20 anos, clamem e recuperem esta voz que se tentou calar aqui", declarou Graça Machel.

O combate contra a pobreza, prosseguiu, deve ser a prioridade dos governos e as riquezas que a África Austral possui devem beneficiar o povo.

O Presidente sul-africano salientou ao longo do discurso a proximidade e irmandade entre os dois países, considerando que Mbuzini é um local "sagrado" e "um lugar onde um grande sacrifício foi feito".

"Os sul-africanos jamais esquecerão o contributo de Samora Machel e das pessoas de Moçambique na luta para garantir que a nossa liberdade [luta contra o 'apartheid']", declarou Ramaphosa.

Do lado sul-africano, o 35.º aniversário da morte de Samora Machel integra um conjunto de iniciativas do Governo que "visam corrigir e alterar a paisagem do património para transmitir autenticamente a história de libertação da África do Sul desde os tempos coloniais".

O primeiro Presidente de Moçambique independente morreu em 19 de outubro de 1986, quando um avião Tupolev se despenhou, durante a noite, em território sul-africano, na zona montanhosa de Lebombo, junto à fronteira com Moçambique.

Um engenheiro de voo e nove passageiros das 44 pessoas a bordo sobreviveram no acidente que atraiu alegações de sabotagem contra a então administração sul-africana do sistema de segregação racial do 'apartheid' e sobre o qual um inquérito da Comissão de Verdade e Reconciliação (TRC) sul-africana, em 1994, foi inconclusivo quanto às causas.

Samora Machel, 53 anos, regressava de uma conferência regional com líderes africanos, em Lusaca, na Zâmbia, e perdeu a vida ao lado de membros do seu partido, ministros, funcionários e tripulação da aeronave russa.

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas