Seis pessoas detidas no Ruanda por críticas ao Governo
Seis pessoas, incluindo um youtuber e três membros do partido da oposição, foram detidos no Ruanda na quarta-feira sob a acusação de "espalhar rumores" para destabilizar o Governo, anunciaram hoje as autoridades.
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Mundo Ruanda
Entre os seis detidos encontra-se o 'youtuber' Thoneste Nsengimana, do canal Umubavu TV, que tem mais de 16 milhões de visualizações e no qual participam ruandeses que denunciam alegadas violações dos direitos humanos por parte do Governo.
"É um grupo organizado que pretende espalhar rumores destinados a provocar revoltas ou agitação entre a população utilizando diferentes plataformas de redes sociais", explicou o porta-voz do Gabinete de Investigação Ruandês (RIB), Thierry Murangira, citado pela agência France-Presse.
Numa declaração nsta quarta-feira à noite, o RIB instou os ruandeses a desconfiarem de alguns comentadores de redes sociais que procuram "minar a segurança nacional" e o Governo, recordando que "qualquer pessoa presa será processada".
Três dos detidos pertencem ao partido não registado Dalfa Umurunzi, disse a fundadora do movimento e opositora Victoire Ingabire.
"Tomo isto como uma intimidação. Não sei quais são os rumores" que levaram à prisão destes membros do partido, declarou Ingabire.
A fundadora do movimento regressou do exílio em 2010 para concorrer contra o Presidente Paul Kagame nas eleições, mas foi presa e encarcerada durante oito anos sob a acusação de terrorismo, uma pena posteriormente aumentada para 15 anos. Foi libertada após um indulto presidencial em 2018.
Várias pessoas foram presas pelas autoridades após a publicação de conteúdos críticos ao Governo no YouTube, suscitando preocupação entre os grupos de direitos civis.
No mês passado, Yvonne Idamage, 42 anos, foi condenada, entre outras coisas, por "incitar à violência" e condenada a 15 anos de prisão e multada em mais de 1.700 euros depois de acusar Kagame e o seu Governo de ditadura.
O Ruanda, liderado por Paul Kagame desde o final do genocídio de 1994, que matou 800.000 pessoas segundo a Organização das Nações Unidas, principalmente da minoria tutsi.
O Presidente é regularmente acusado pelas organizações não-governamentais de reprimir a liberdade de expressão, e de não aceitar críticas nem oposição política.
Em março, a organização Human Rights Watch (HRW) expressou preocupação face à atitude das autoridades em relação às pessoas que utilizam o YouTube ou blogues para se expressarem sobre questões por vezes controversas.
A HRW denunciou que pelo menos oito pessoas que relataram ou comentaram as notícias, incluindo o impacto das duras medidas anti-covid-19, tinham sido ameaçadas, presas ou processadas no ano passado.
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