No mesmo incidente, um quarto homem, possivelmente também oriundo da Argélia, sofreu lesões graves nos membros inferiores, no abdómen e na zona pélvica.
Em declarações à comunicação social, o procurador-geral de Bayonne (sudoeste de França), Jérôme Bourrier, confirmou que o migrante ferido não corria perigo de vida e que iria ser submetido, ainda esta terça-feira, a uma intervenção cirúrgica.
De acordo com as fontes judiciais locais e a empresa ferroviária francesa (SNCF), os quatro homens encontravam-se aparentemente a dormir na linha férrea, junto à estação de Saint-Jean-de-Luz, que liga a localidade de Hendaye, na fronteira entre França e Espanha, e a cidade de Bordéus.
Os homens foram colhidos pelo primeiro comboio da manhã, por volta das 05:00 locais (04:00 em Lisboa).
A travagem de emergência "não conseguiu evitar o impacto" com as vítimas, de idades compreendidas entre os 21 e os 40 anos, acrescentou o procurador.
"Estavam deitados sem dúvida para descansar, pois o último comboio [do dia anterior] partia por volta das 22:30 locais (21:30 em Lisboa)", prosseguiu o mesmo representante.
Apenas um dos migrantes está neste momento identificado, segundo indicou Jérôme Bourrier, precisando tratar-se de um homem de 21 anos que tinha recebido recentemente uma ordem de expulsão por parte das autoridades espanholas.
Dois outros tinham documentos que também sugerem a mesma situação, mas, de acordo com o procurador-geral de Bayonne, as autoridades ainda estão a recolher informações e a tentar confirmar as identidades.
"Uma das vítimas já era conhecida da polícia", afirmou, por sua vez, o presidente da câmara de Ciboure (pequena cidade com 6.500 habitantes localizada perto de Saint-Jean-de-Luz), Eneko Aldana-Douat, sugerindo implicitamente que os migrantes em questão já estavam em território francês há algum tempo.
Um inquérito conduzido pela polícia de Saint-Jean-de-Luz e pela polícia judiciária de Bayonne foi, entretanto, aberto para investigar as circunstâncias do acidente.
Espanha, a par da Grécia, Itália, Malta ou Chipre, é um dos países da "linha da frente" ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.
Nos primeiros sete meses deste ano, o país contabilizou 16.586 entradas irregulares (por via terrestre e por via marítima), um aumento de quase 50% em comparação ao mesmo período do ano passado, de acordo com os últimos dados do Ministério do Interior espanhol.
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