Previstas inicialmente para 2022, estas eleições realizam-se de acordo com uma nova lei eleitoral que aumentou o número de círculos eleitorais e optou pelo voto uninominal (escolhe-se um candidato e não uma lista), para acabar com o monopólio dos grandes partidos.
Os eleitores
O Iraque tem 40,2 milhões de habitantes, 60% dos quais têm menos de 25 anos, segundo a ONU.
Nestas legislativas -- as quintas desde a invasão norte-americana de 2003 -, mais de 25 milhões de eleitores divididos por 83 círculos eleitorais são chamados às urnas distribuídas por 8.273 assembleias de voto em todo o país.
Para participar na votação eletrónica, é necessário possuir um cartão biométrico.
Cada círculo eleitoral elege entre três e cinco deputados, dependendo da sua densidade populacional.
Este ano, os cidadãos residentes no estrangeiro não votam e para as forças de segurança, os deslocados e os presos foi organizada uma "votação especial" no dia 8.
O escrutínio
Dos 329 lugares no parlamento, nove estão reservados às minorias (cristã, shabaka, sabeana, yazidi e faili -- curdos xiitas).
De acordo com a Constituição iraquiana, um quarto dos lugares (83) está reservado a mulheres.
O mandato dos deputados é de quatro anos.
A esta eleição apresentam-se mais de 3.240 candidatos, entre os quais 950 mulheres, duas vezes menos que na última votação em 2018.
Segundo a agência de notícias estatal iraquiana, 789 dos candidatos concorrem como independentes, indicando os restantes a ligação a um partido ou coligação.
Em 2018, a taxa de participação foi, segundo os dados oficiais, de 44,52%, mas os detratores disseram que a percentagem foi inflacionada e falaram de uma abstenção recorde.
As principais forças políticas
Apesar da revolta popular de outubro de 2019, a cena política iraquiana continua dominada pelas mesmas fações. Os ativistas que participaram no protesto e os comunistas boicotam o escrutínio.
- A corrente "sadrista"
Dirigida pelo líder xiita Moqtada Sadr, o movimento poderá reforçar a sua posição no parlamento, depois de ter sido o grande vencedor nas legislativas de 2018.
Sadr, antigo chefe de uma milícia célebre pelo seu combate contra as forças norte-americanas, apresenta-se como o duro crítico dos políticos desonestos e corruptos e da má gestão pública, embora os seus partidários estejam presentes em todos os níveis do aparelho do Estado.
- Os pró-Irão
A Aliança da Conquista, liderada por Hadi al-Ameri, que dirige também a Organização Badr, uma das fações do Hashd al-Shaabi (Forças de Mobilização Popular, antigos paramilitares agora integrados no exército regular), entrou no parlamento em 2018.
A formação Houqouq, que foi criada antes das eleições, é próxima das Brigadas do Hezbollah, outra das fações do Hashd al-Shaabi.
A Aliança do Estado de Direito, do antigo primeiro-ministro Nuri al-Maliki, depende principalmente do partido Daawa, dirigido por Maliki. Chefe do governo de 2006 a 2014, ele detém o recorde de longevidade no cargo.
Há ainda a Aliança das Forças do Estado que reúne as formações do ex-primeiro ministro Haider al-Abadi, no poder na época da luta contra o grupo extremista Estado Islâmico, e de Ammar al-Hakim, que se apresenta como o defensor dos moderados do campo xiita.
- Os sunitas
O movimento Taqaddum (Progresso) do influente presidente do parlamento, Mohammed al-Halbusi, registou uma ascensão fulgurante.
Está em concorrência com o movimento Azm (Determinação) do político sunita Khamis al-Khanjar, alvo de sanções de Washington por corrupção.
- Os curdos
Na região autónoma do Curdistão (norte) competem as duas formações históricas: o Partido Democrático do Curdistão (PDK, do clã Barzani) e a União Patriótica do Curdistão (PUK, do clã Talabani).
A oposição curda, representada pela Jamaa Islamiya, também apresenta candidatos, assim como o recém-criado movimento "Nova Geração" e o Goran (Mudança em curdo).
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