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Navalny enfrenta novas acusações por "extremismo"

O opositor russo Alexei Navalny, detido desde janeiro passado, enfrenta desde hoje um novo processo criminal por "extremismo", passível de 10 anos de prisão, numa nova etapa de repressão ao movimento que liderava e após o desmantelamento das suas organizações.

Navalny enfrenta novas acusações por "extremismo"
Notícias ao Minuto

16:23 - 28/09/21 por Lusa

Mundo Alexei Navalny

As investigações que lhe são dirigidas, e a diversos colaboradores próximos, surgem na sequência das eleições legislativas, que o partido do Presidente Vladimir Putin venceu após a exclusão do escrutínio da quase totalidade dos candidatos anti-Kremlin.

Os apoiantes de Navalny não puderam apresentar-se, as suas organizações foram banidas e consideradas "extremistas" em junho.

A cumprir uma pena de dois anos e meio por um caso de fraude que considera politicamente motivado, Navalny e aliados são agora acusados de terem "fundado e dirigido uma organização extremista" através do Fundo de luta contra a corrupção (FBK), e de oito outras organizações.

O opositor também foi indiciado em agosto por ter apelado aos apoiantes que cometessem "atos ilícitos", delito que pode implicar três anos de prisão.

Segundo o comité de inquérito, responsável pelas principais investigações criminais, Navalny pretendeu entre 2014 e 2021 "desacreditar os organismos estatais e a sua política, desestabilizar a situação nas regiões, fomentar o protesto entre a população e convencer a opinião pública da necessidade de uma alteração do poder pela violência".

Segundo os investigadores, as manifestações ilegais que o opositor e aliados organizaram veiculavam "apelos a ações extremistas e terroristas".

Estas acusações, que podem implicar dez anos de prisão, também são dirigidas a dois dos seus aliados mais próximos, Leonid Volkov e Ivan Jdanov. Diversos outros colaboradores, onde se inclui a moscovita Lyubov Sobol, são acusados de "participação numa organização extremista", passível de dez anos de prisão, indicou a mesma fonte.

A maioria dos aliados de Navalny saíram do país na sequência da vaga de repressão dos últimos meses, e que implicou a detenção ou a liberdade condicional para diversos ativistas.

Segundo Jdanov, estas novas acusações destinam-se a "prolongar a pena de prisão" de Navalny, detido após o seu regresso à Rússia em janeiro na sequência de um envenenamento atribuído ao Kremlin, que de imediato desmentiu as acusações.

Em declarações à televisão digital Dojd, Jdanov considerou que o poder pretende "fazer medo" aos colaboradores e apoiantes do principal crítico do Kremlin.

"Todos perguntavam se a repressão iria abrandar após as eleições. Eis a resposta", comentou por sua vez no Twitter Kira Iarmych, a porta-voz de Navalny.

Apesar de detido, Navalny continua a exprimir-se periodicamente através das redes sociais, e na semana passada apelou aos seus apoiantes para permanecerem mobilizados apesar do "roubo" do resultado das legislativas de 19 de setembro.

Ativista anticorrupção, Navalny, 45 anos, fico inicialmente conhecido pelos seus inquéritos sobre o modo de vida e alegadas irregularidades financeiras das elites russas.

Privados de participação nas eleições, a estratégia dos seus apoiantes nas legislativas consistiu em convencer os eleitores ao "voto inteligente" nos candidatos mais bem colocados para derrotarem os representantes do Rússia Unida, o partido do Kremlin, muitos deles do Partido Comunista que também já denunciou uma "fraude eleitoral".

Segundo a oposição, as autoridades promoveram diversas falsificações dos resultados, em particular na capital Moscovo e São Petersburgo, para impedir a derrota quase certa dos candidatos do poder.

Jdanov considerou que estes novos inquéritos judiciais contra Navalny e seus aliados são uma "reação ao sucesso" desta estratégia eleitoral.

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