Apenas os alunos do ensino secundário e do ensino superior foram autorizados a regressar hoje às escolas. "Se essa proibição (para meninas) fosse mantida, constituiria uma grave violação do direito fundamental à educação para meninas e mulheres", denunciou a UNESCO num comunicado, citada pela agência France-Presse.
A UNESCO apela ainda aos responsáveis por este anúncio para esclarecer a situação e reabrir escolas para todos os alunos afegãos, meninos e meninas."
Citada no comunicado, a diretora da UNESCO, Audrey Azoulay, acredita que "o futuro do Afeganistão depende da educação de meninas e meninos", e acrescenta que "é tão importante que todos os professores possam voltar à escola para ensinar, proporcionando assim um ambiente de aprendizagem seguro e inclusivo".
Dez dias depois da reabertura das universidades privadas do país, o Ministério da Educação afegão anunciou, na sexta-feira, que todos os professores homens e os alunos do sexo masculino" do secundário deveriam regressar ao seu estabelecimento de ensino, sem fazer qualquer menção aos restantes estudantes.
"A UNESCO alerta contra as consequências irreversíveis que podem resultar em não permitir que as meninas voltem à escola rapidamente em todos os níveis de ensino", continua Audrey Azoulay.
Segundo a responsável, "um regresso tardio das raparigas ao ensino secundário corre o risco de as marginalizar na educação e, em última instância, na vida".
"Isso aumenta o risco de abandono escolar total e expõe-nas a mecanismos negativos de adaptação, como o casamento precoce", acrescentou.
Audrey Azoulay garantiu que o compromisso com as crianças afegãs é "inequívoco" e a "responsabilidade coletiva é garantir que o direito fundamental à educação de todas elas seja totalmente respeitado".
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