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Apresentador condenado a prisão após reconstituir violação

O apresentador de televisão costa-marfinense Yves de Mbella, que solicitou a um violador que reconstruísse uma violação num programa em direto, foi hoje condenado a 12 meses de pena suspensa por "apologia de violação" e "atentado ao pudor".

Apresentador condenado a prisão após reconstituir violação
Notícias ao Minuto

23:39 - 01/09/21 por Lusa

Mundo Costa do Marfim

Yves de Mbella foi suspenso na terça-feira por 30 dias pela Alta Autoridade de Comunicação Audiovisual do país (HACA), depois de ter solicitado, num programa em direto, a reconstrução de uma violação a um violador.

"Esta reconstrução de um ato de violação pelo seu autor, ao vivo e em horário nobre com o apoio de comentários obscenos, constitui uma validação da violação e atenta gravemente contra a dignidade da mulher, a moral e a sensibilidade dos jovens" escreveu a HACA num comunicado hoje citado pela agência noticiosa Efe.

De Mbella, apresentador do programa "La Télé d'Ici Vacances", na estação de televisão privada Nouvelle Chaîne Ivoirienne (NCI), convidou um violador condenado na noite de 30 de agosto, tendo-o convidado a encenar, com recurso a um manequim, o seu 'modus operandi'.

Agora, o apresentador foi condenado a um ano de prisão suspensa, a uma multa de dois milhões de francos CFA (3.000 euros) e não poderá sair de Abidjan, segundo noticia a agência France-Presse (AFP).

A HACA registou que a violação é um crime para o código penal costa-marfinense e que a sua banalização e protagonismo "de um ex-recluso condenado por este delito é absolutamente intolerável".

A entidade expressou também a sua solidariedade para com as vítimas de violação -- tanto mulheres como homens -- e com todas as pessoas, associações e organizações que promovem os direitos humanos e combatem a violência contra as mulheres.

O programa da noite de 30 de agosto provocou uma onda de indignação na sociedade costa-marfinense, levando várias figuras políticas a manifestarem-se.

A Liga da Costa do Marfim para os Direitos das Mulheres condenou o número "com a máxima energia", considerando que foi "humilhante e degradante para as mulheres".

O ministro da Comunicação da Costa do Marfim, Amadou Coulibaly, considerou "lamentável que um assunto tão sério e grave como uma violação tenha sido tratado tão levianamente", tendo elogiado a medida implementada pela HACA.

Por sua vez, de Mbella reagiu na terça-feira na sua conta na rede social Facebook, lamentando "sinceramente ter chocado ao tentar sensibilizar".

"Peço desculpa a todas as vítimas de violação, pelas quais sempre senti compaixão, que ficaram ofendidas por algumas das coisas que foram ditas ontem [segunda-feira] à noite", disse.

De Mbella acrescentou que acolheu no seu programa um violador arrependido que foi libertado da prisão há 21 anos "para partilhar as suas mágoas na prisão e os seus sábios avisos sobre este assunto sensível".

Leia Também: Apresentador convida violador para simular abuso sexual em programa de TV

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