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Legislativas na Argélia tentam fornecer nova legitimidade ao regime

A campanha para as eleições legislativas de hoje na Argélia, um escrutínio destinado a fornecer uma nova legitimidade ao regime mas boicotado por parte da oposição, decorreu com pouca mobilização popular num clima de repressão ao movimento Hirak.

Legislativas na Argélia tentam fornecer nova legitimidade ao regime
Notícias ao Minuto

07:12 - 12/06/21 por Lusa

Mundo Argélia

Cerca de 24 milhões de eleitores são chamados a eleger os 407 novos deputados da Assembleia Popular Nacional (APN, Câmara baixa do parlamento) para um mandato de cinco anos.

A campanha eleitoral terminou na terça-feira e o principal desafio para o poder será a taxa de participação, num país em crise económica desde fevereiro de 2019 e onde prevalecem fortes tensões sociais.

Ao escrutínio apresentam-se 1.500 listas, com mais de metade a afirmarem-se como "independentes", cerca de 13.000 candidatos.

Pela primeira vez regista-se a participação de elevado número de candidatos independentes face aos apresentados pelos partidos tradicionais, muito desacreditados e considerados responsáveis pela crise política instalada na Argélia.

Diversas projeções apostam numa vitória destes setores independentes, de filiação difusa, que poderão constituir uma nova força política na futura Assembleia Popular Nacional (APN, o parlamento), com o eventual aval do poder.

Os vencedores das últimas legislativas (2017), a Frente de Libertação Nacional (FLN) e a União Nacional Democrática (RND), parceiros numa aliança presidencial que apoiou o ex-chefe de Estado Abdelaziz Bouteflika, deposto em abril de 2019, registam hoje escassa credibilidade.

Até ao final da campanha, os partidos pró-governamentais e os 'media' oficiais apelaram à "participação em força neste escrutínio crucial para a estabilidade do país".

As autoridades não escondem o receio de uma nova deserção eleitoral da população da Cabília (nordeste), região tradicionalmente rebelde de maioria berbere, onde a participação foi praticamente nula nos escrutínios de 2019 e 2020.

Um cenário que não pode ser excluído, após a União para a Cultura e a Democracia (RCD, na sigla em francês) e a Frente das Forças Socialistas (FFS), os dois partidos mais implantados na Cabília, terem decidido não participar no escrutínio.

No entanto, o Movimento da Sociedade para a Paz (MSP) e outras formações islamitas legais optaram pela participação com o objetivo de "contribuir para a rutura e mudanças desejadas".

Assim, o líder do MSP, Abderrezak Makri, já se manifestou "disponível para governar" em caso de vitória.

Com a aproximação do escrutínio, o regime decidiu terminar com o 'Hirak', o inédito levantamento popular antissistema, que também apelou ao boicote eleitoral e agora acusado de ser constituir um "magma contra-revolucionário" instrumentalizado por "setores estrangeiros" hostis à Argélia.

Nos últimos dias multiplicaram-se as detenções de ativistas, e segundo o Comité Nacional para a Libertação dos Detidos (CNLD) mais de 222 pessoas estão atualmente na prisão por envolvimento no movimento de protesto ou por factos relacionadas com as liberdades individuais.

Leia Também: Argélia: Legislativas de novo confrontadas com desafio da abstenção

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