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Líder da Frente Polisário depõe hoje perante justiça espanhola

O líder da Frente Polisário Brahim Ghali comparece hoje em audição por videoconferência perante a justiça espanhola, e após a sua chegada a Espanha em meados de abril ter suscitado uma grave crise diplomática entre os dois países vizinhos.

Líder da Frente Polisário depõe hoje perante justiça espanhola
Notícias ao Minuto

06:31 - 01/06/21 por Lusa

Mundo Frente Polisário

Marrocos, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, tem qualificado este caso de "teste de fiabilidade" para a parceria bilateral, insistindo em obter uma "clarificação sem ambiguidade" do lado espanhol.

"A crise não está relacionada com um homem (...). Trata-se sobretudo de uma história de confiança e respeito mútuo que foram quebrados entre Marrocos e Espanha. É um teste para a fiabilidade da parceria", considerou o ministério.

Por sua vez, o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez sublinhou que a relação deve ser assinalada pelo "respeito" e a "confiança", e recordou que Marrocos é um aliado "estratégico" para a Espanha.

Hospitalizado em Espanha desde meados de abril, o líder do movimento independentista saarauí apoiado pela Argélia deve prestar hoje declarações por videoconferência no âmbito de dois inquéritos por "torturas" e "genocídio".

O seu internamento num hospital de Logroño, comunidade de Rioja (norte do país), provocou uma forte reação de Rabat, que ripostou ao relaxar os seus controlos fronteiriços em meados de maio, permitindo a entrada de milhares de migrantes marroquinos e subsaarianos no enclave espanhol de Ceuta, situado a norte do reino alauita.

Na segunda-feira, um juiz da Audiência Nacional espanhola considerou "totalmente descabido" ordenar a detenção de Brahim Ghali, ou "afirmar" que tenha cometido crimes atrozes contra a humanidade", por estarem apenas sob investigação diversos factos, sem "incriminação".

No decurso de uma conferência de imprensa, também na segunda-feira, com o seu homólogo polaco Mateusz Morawiecki, Sánchez considerou ser "inadmissível" que um "Governo decida atacar as fronteiras (...) e que as fronteiras sejam abertas para que 10.000 migrantes possam entrar em menos de 48 horas numa cidade espanhola", devido a "diferendos em matéria de política externa".

"Marrocos não deve esquecer que não existe melhor aliado na UE que a Espanha", disse.

As suas declarações suscitaram uma reação imediata da diplomacia marroquina, que sublinhou que "a crise bilateral não está relacionada com a questão migratória".

A crise "não pode ser resolvida apenas com a audição" do líder da Polisário, e as expetativas de Marrocos "iniciam-se por uma clarificação sem ambiguidade pela Espanha das suas opções, das suas decisões e das suas posições", indicou o primeiro comunicado da diplomacia de Rabat divulgado na segunda-feira.

O responsável, com 71 anos segundo a Polisário, foi citado a comparecer por uma queixa por "torturas" depositada por um dissidente da Polisário naturalizado espanhol.

A justiça espanhola também reabriu um dossiê contra Ghali por "crimes contra a Humanidade" após uma queixa de uma associação dissidente sarauí que não defende a autodeterminação, e que o acusa de "violações dos direitos humanos" sobre dissidentes nos campos de Tinduf (oeste da Argélia).

A Polisário milita pela independência do Saara Ocidental, antiga colónia espanhola anexada por Rabat em 1975 e controlada na sua maior parte por Marrocos, que propõe uma autonomia sob a sua soberania.

Após cerca de 30 anos de cessar-fogo, as hostilidades entre os dois campos recomeçaram em meados de novembro. O processo de resolução política do conflito, mediado pela ONU, está bloqueado desde a primavera de 2019.

Leia Também: Juiz espanhol rejeita detenção do líder da Frente Polisário

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