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Escócia. Ativistas portugueses confiantes numa maioria pró-independência

Dois ativistas portugueses da causa da independência da Escócia, Maria João Kay e Miguel Boronha, esperam que as eleições regionais de 06 de maio produzam uma maioria na assembleia autónoma que defenda um referendo. 

Escócia. Ativistas portugueses confiantes numa maioria pró-independência
Notícias ao Minuto

08:59 - 03/05/21 por Lusa

Mundo Escócia

Os 129 assentos na assembleia regional da Escócia vão a votos numa campanha dominada pelo 'indyref2', o referendo que os nacionalistas esperam realizar para reverter o resultado da consulta popular realizada em 2014, quando 55% dos eleitores votaram pela permanência no Reino Unido

Os independentistas alegam que o 'Brexit' representa uma mudança de circunstâncias, pois a maioria dos escoceses (62%) votou contra.

Há mais de 40 anos na Escócia, onde dá aulas de Português na Universidade de St Andrews, Kay não tem preferências partidárias entre o Partido Nacionalista Escocês (SNP), os Verdes ou o recém-fundado Alba. 

"Como democrata, desde (...) o povo da Escócia vote uma maioria de candidatos que apoiem a independência, acho que é assim que se vai dizer a Londres que temos direito a outro referendo porque as coisas mudaram imenso politicamente", disse à agência Lusa. 

Influenciada pelo marido, o escritor Billy Kay, Maria João desenvolveu um interesse pela cultura escocesa, mas foi só nos últimos anos que se tornou ativa na defesa da causa, tanto na comunicação social, como em eventos e nas redes sociais. 

"Sou uma ativista pró-Europa, anti-Brexit. Procuro explicar a situação dos cidadãos da União Europeia na Escócia, um país com grandes tradições europeias e de justiça social e igualdade, que gosta de atrair estrangeiros, para chamar atenção para o que está a ser feito em nome deles", explicou. 

Ao mesmo tempo, a portuguesa tenta também "convencer os escoceses a verem que o melhor futuro para eles é na Europa e com a Europa, com o resto dos europeus", lembrando que 62% votaram contra o 'Brexit'. 

"No dia a seguir ao referendo, a primeira-ministra escocesa [Nicola Sturgeon] foi à televisão e agradeceu a todos os cidadãos da UE pela contribuição e por terem feito da Escócia a sua casa e isso caiu-me muito bem", confiou Kay. 

Foi também esta atitude progressista em relação à imigração que levou o artista plástico Miguel Boronha a aderir ao SNP em 2016, durante a campanha para o referendo do 'Brexit', apenas um ano depois de chegar à Escócia, onde chegou para trabalhar numa empresa de tecnologia. 

"Numa altura em que estava a ser difícil falar positivamente dos imigrantes e dos europeus, o SNP sempre falou da importância da imigração para Escócia. Quis dar o meu contributo ao partido e retribuir com gratidão pela forma como fui bem acolhido", explicou à Lusa. 

Tal como Kay, também Boronha está confiante de que se vai repetir uma maioria pró-independência na Assembleia do SNP e dos Verdes, pelo que deve ser suficiente para convencer o primeiro-ministro, Boris Johnson, a autorizar um referendo. 

Porém, também reconhece que por experiência própria que nem todos os eleitores do SNP são pró-independência, mas porque gostam de Nicola Sturgeon. 

"Votar SNP não é necessariamente ser pró-independência, mas é reconhecer que cabe ao governo escocês decidir pôr essa questão às pessoas. É um voto sobre se a Escócia quer perguntar-se a si própria esta pergunta outra vez", vincou.

Na sua opinião, o Alba de Alex Salmond, que também foi líder do SNP, veio mais "complicar" a vida ao partido no poder do que ajudar com a sua intenção de contribuir para uma "supermaioria" pró-independência. 

Ambos consideram que o debate constitucional sobre a independência da Escócia e a separação do Reino Unido domina a campanha eleitoral porque é importante para resolver as questões da saúde, educação ou política ambiental, uma vez que as decisões de Edimburgo nem sempre são alinhadas com as de Londres. 

"É normal que este assunto consuma tanto oxigénio" afirma Boronha, acrescentando: "Não ficou resolvido por causa do 'Brexit', por isso tem de ser resolvido, qualquer que seja o resultado do referendo".

Leia Também: Inglaterra. Autárquicas coincidem com eleições na Escócia e País de Gales

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