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Atenas e Nicósia insistem num Estado federal para Chipre

Atenas e Nicósia insistiram hoje que o futuro de Chipre implica a criação de um Estado federal bicomunal e bizonal, a fórmula desde há décadas discutida com a ONU, mas agora rejeitada pela Turquia e pela liderança cipriota turca.

Atenas e Nicósia insistem num Estado federal para Chipre
Notícias ao Minuto

14:40 - 21/04/21 por Lusa

Mundo Chipre

"A única solução possível inclui-se no quadro de uma federação bicomunal e bizonal. Com uma soberania, uma nacionalidade e uma representação internacional", sublinhou o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, que recebeu na capital grega o Presidente cipriota, Nikos Anastasiades, no âmbito da conferência multilateral que decorre na próxima semana em Genebra destinada a analisar as perspetivas para o recomeço das conversações de paz.

No encontro de Genebra, sob os auspícios do secretário-geral da ONU, António Guterres, para além das comunidades cipriotas grega e turca também participam a Grécia, Turquia e Reino Unido, na qualidade de países garantes da independência de Chipre em 1960.

Mitsotakis sublinhou que a solução para a ilha dividida do Mediterrâneo Oriental deve incluir a retirada das forças militares turcas, presentes no território controlado pelos cipriotas turcos desde a invasão de 1974, e a eliminação do sistema "anacrónico" das potências garantes.

"O nosso objetivo consiste em que ambas as comunidades se sintam em segurança e que sejam garantidos os direitos humanos de todo o povo cipriota", afirmou por sua vez Anastasiades.

O Presidente cipriota acrescentou que a futura república cipriota deve tornar-se um Estado funcional, sem potências garantes, ou qualquer presença de forças militares estrangeiras.

O Reino Unido, antiga potência colonial, manteve duas bases militares em território da República de Chipre, a parte grega da ilha internacionalmente reconhecida e membro da União Europeia (UE).

Anastasiades também tem vindo a insistir que a solução para Chipre deve ser baseada nas resoluções e decisões do Conselho de Segurança ONU, em princípios e valores da UE que garantam uma federação sustentável, e nos parâmetros que reafirmados na reunião conjunta de novembro de 2019 em Berlim.

O Presidente da República cipriota também tem defendido a "absoluta necessidade" da presença da UE no encontro de Genebra.

A reunião de Genebra decorre três anos e meio após o falhanço da anterior iniciativa das Nações Unidas, na estância de Crans-Montana (Suíça) em julho de 2017 para a conclusão de um acordo com as duas comunidades.

A posição da Turquia alterou-se desde esse encontro inconclusivo, e desde então passou a denunciar a solução federal, bizonal e bicomunal.

Ancara acusa os cipriotas gregos de não pretenderem aceitar a igualdade política com os cipriotas turcos e tem proposto como alternativa uma solução baseada em dois Estados cipriotas independentes.

As tensões entre as duas comunidades após a independência do Reino Unido em 1960 impuseram a presença permanente da ONU na ilha a partir de 1964.

Após o fracassado golpe de Estado de ultranacionalistas cipriotas gregos apoiados pela junta militar de Atenas contra o então Presidente, o arcebispo Macários III, a Turquia invadiu a ilha e ocupou cerca de 38% do território.

Desde então, falharam todos os esforços para uma solução que contemple um Estado federal bizonal e bicomunal.

Em 2004, as negociações patrocinadas pelo então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, culminaram num plano concreto, que nos referendos paralelos realizados nas duas partes da ilha foi aprovado pelos cipriotas turcos, mas amplamente rejeitado na República de Chipre.

Leia Também: Itália manifesta total oposição à solução de dois Estados para Chipre

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