Meteorologia

  • 07 MAIO 2024
Tempo
18º
MIN 12º MÁX 26º

Itália manifesta total oposição à solução de dois Estados para Chipre

O chefe da diplomacia de Itália disse hoje que o seu país desaprova qualquer acordo para a reunificação de Chipre que não contemple a solução federal incluída nas resoluções das Nações Unidas.

Itália manifesta total oposição à solução de dois Estados para Chipre
Notícias ao Minuto

19:15 - 09/03/21 por Lusa

Mundo Luigi De Maio

De visita a Nicósia, Luigi De Maio indicou ter assegurado ao seu homólogo cipriota, Nikos Christodoulides, que a Itália "rejeita de forma resoluta" qualquer proposta de paz que "divirja dos parâmetros ou acordos existentes e das decisões das Nações Unidas".

As observações de Di Maio constituem uma resposta às pretensões da Turquia e dos cipriotas turcos, que afirmam rejeitar a solução federal como solução de compromisso para terminar com a divisão da ilha do Mediterrâneo Oriental que se prolonga há 46 anos, e após numerosas e infrutíferas negociações promovidas pela ONU. Em alternativa, defendem um acordo assente na formação de dois Estados separados, com direitos iguais.

Entre 27 e 29 de abril o secretário-geral da ONU será o anfitrião de um encontro informal em Genebra dos dois lados rivais de Chipre, os cipriotas gregos e turcos, e ainda dos países "garantes" da independência de Chipre em 1960 -- Grécia, Turquia e Reino Unido --, para analisar as hipóteses sobre um recomeço das negociações de paz.

A União Europeia (UE) foi convidada a participar com o estatuto de observador, mas a Turquia e o recém-eleito líder cipriota turco Ersin Tatar opõem-se à sua presença conferência ao considerarem, entre outros argumentos, que não tem mantido uma posição equidistante face às tensões registadas nos últimos meses na região do Mediterrâneo Oriental.

Tatar e a Turquia insistem em manter tropas militares turcas na autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (RTCN, a parte norte da ilha e cerca de 38% do território) para garantir a segurança dos cipriotas turcos.

A República de Chipre, internacionalmente reconhecida, é Estado-membro da UE desde 2004, enquanto a entidade cipriota turca apenas foi legitimada por Ancara.

Atualmente, cerca de 30.000 soldados enviados pela Turquia permanecem na RTCN.

O último grande impulso ao processo de paz fracassou em 2017. Os desacordos continuam a acentuar as tensões sobre as reservas de energia no Mediterrâneo Oriental, e a contribuir para o bloqueio de uma potencial adesão da Turquia à UE.

Esta semana, o chefe da diplomacia de Bruxelas Josep Borrell considerou a divisão de Chipre "um problema claramente europeu" e disse que "quanto mais cedo o bloco se envolva plenamente em novas conservações para um acordo, melhor".

Uma larga maioria dos cipriotas gregos rejeita qualquer acordo que legitime uma partilha da ilha, consumada após a invasão militar turco em 1974, na sequência de um fracassado golpe de Estado promovido por ultranacionalistas cipriotas gregos que pretendiam a união com a Grécia.

No encontro de hoje, Di Maio e Christodoulides também abordaram a cooperação energética e quando a empresa italiana Eni e a parceria francesa Total já asseguraram a exploração de petróleo e gás e direitos de prospeção em sete dos 13 blocos ao largo da costa e situados na zona económica exclusiva de Chipre.

A Turquia não reconhece Chipre como Estado, disputa as reivindicações do Governo cipriota sobre essas águas, insistindo que infringem os direitos dos cipriotas turcos no acesso às potenciais riquezas de hidrocarbonetos.

Ancara também considera que uma parte considerável da zona económica de Chipre lhe pertence, e enviou navios protegidos por escolta naval para operações de prospeção.

Di Maio sublinhou a sua "completa solidariedade" com Chipre face às "provocações e ações unilaterais" que afetam os direitos soberanos da ilha e que "não podem ser tolerados".

"Deve ficar claro que a Itália permanece ao lado de Chipre e da Grécia contra qualquer violação dos seus direitos", disse Di Maio.

No entanto, o ministro italiano também considerou que a prospeção de fontes energéticas deve promover a cooperação em detrimento da fricção, e assinalou que o seu país apoia a proposta da UE para a concretização de uma conferência multilateral sobre o Mediterrâneo Oriental.

Leia Também: Itália soma quase 20 mil casos e regista aumento das hospitalizações

Recomendados para si

;
Campo obrigatório