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Jordânia. Abdullah II ou a obsessão da estabilidade

Abdullah II da Jordânia, que enfrenta uma fratura inédita na família real, é um antigo militar de carreira, aliado do Ocidente, que tem a estabilidade do país como principal prioridade há duas décadas.

Jordânia. Abdullah II ou a obsessão da estabilidade
Notícias ao Minuto

16:17 - 05/04/21 por Lusa

Mundo Jordânia

No sábado cerca de 20 pessoas foram detidas no país do Médio Oriente, entre as quais Hamzah bin Hussein, meio-irmão de Abdullah. Aquele antigo príncipe herdeiro é suspeito de "ameaça à estabilidade nacional" e decorrerá uma investigação sobre uma alegada tentativa de golpe de Estado.

Filho mais velho do rei Hussein e da cidadã britânica Antoinette Gardiner, que se tornou a princesa Muna, Abdullah ascendeu ao trono após a morte do seu pai em junho de 1999, poucas semanas depois de ser nomeado príncipe herdeiro.

Tinha 37 anos e uma carreira militar notável após ter estudado na Real Academia Militar de Sandhurst, no Reino Unido.  Anos mais tarde, o rei Abdullah II admitiria que nada o preparou para liderar um Estado num ambiente tão conturbado, com o Iraque, a Síria e o conflito israelo-palestiniano à sua volta.

Desde 1999, multiplicaram-se as ameaças exteriores, como a invasão norte-americana do Iraque ou a guerra na Síria, mas hoje o soberano hachemita enfrenta uma crise dentro do próprio sistema monárquico.

Abdullah II, 59 anos, 41.º descendente direto do profeta Maomé, segundo a genealogia oficial, nasceu a 30 de janeiro de 1962 em Amã.

Estudou em Amã e depois no Reino Unido e nos Estados Unidos. Quando saiu da academia de Sanshurst, em 1980, serviu no exército britânico na Alemanha.

De regresso à Jordânia tira o 'brevet' de paraquedista, torna-se comandante de tanque e aprende a pilotar helicópteros, antes de comandar as forças especiais.

Em 1993, casa-se com Rania al-Yassin de origem palestiniana, que trabalhava no departamento de marketing da Apple. Formam um casal moderno e, em 1995, o príncipe aparece na série norte-americana O Caminho das Estrelas, da qual é fã.

Têm quatro filhos e Hussein, o mais velho, herda em 2004 o título de príncipe herdeiro às custas do tio Hamza, filho da rainha Noor, quarta e última mulher do rei Hussein.

Quando Abdullah II tomou posse a 9 de junho de 1999, após mais de quatro décadas de reinado de Hussein, muitos duvidaram da sua capacidade para conduzir com sucesso o país.

Em 2003, o rei opõe-se à intervenção norte-americana no Iraque, que abala a região e dá depois origem a uma das mais terríveis organizações terroristas, o grupo Estado Islâmico, que ataca também na Jordânia no meio dos anos 2010.

Em 2011, Abdullah consegue sobreviver ao movimento de protesto designado de "Primavera Árabe", qualificando o que se passou na Jordânia de "uma primavera civilizada", e tem sempre tentado impedir que o seu país se torne uma pátria substituta para os palestinianos, como deseja nomeadamente a extrema-direita israelita.

Aliado do Ocidente, defende o direito dos palestinianos de conseguirem um Estado com Jerusalém como capital.

A Jordânia acolheu dezenas de milhares de iraquianos que fugiam da guerra civil e do terror do Estado Islâmico no Iraque e teve também de enfrentar a chegada em massa de refugiados sírios (770.000 inscritos oficialmente, embora as autoridades falem de 1,3 milhões).

A nível económico, assim que assumiu o trono, Abdullah II lançou um grande programa de liberalização para atrair os investimentos num país sem hidrocarbonetos.

Face a movimentos de protesto, tem conseguido contê-los através de reformas políticas, sem escapar às críticas de organizações não-governamentais sobre abusos de direitos humanos.

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