No segundo dia do julgamento do polícia acusado da morte de Floyd, Donald Williams - um ex-lutador que foi treinado em artes marciais, incluindo em estrangulamentos - disse que percebeu que, quando viu o agente Derek Chauvin permanecer vários minutos com o joelho sobre o pescoço do afro-americano, estava a testemunhar um "assassínio".
"Ele apagou-se lentamente... como um peixe num saco", disse Williams, cujo telefonema para o serviço de emergência, no dia da morte de Floyd, foi ouvido em tribunal, a pedido do procurador Mathew Frank.
Nesse telefonema, Donald Williams disse aos técnicos de emergência que Chauvin estava a manter o joelho sobre Floyd, atentando contra a vida do afro-americano, apesar dos avisos dos transeuntes que assistiam ao episódio.
Nesse telefonema, ouve-se ainda Williams gritar para os polícias, dizendo que eles eram "assassinos".
No seu testemunho perante o júri, Williams disse também que Chauvin usou uma espécie de movimento de dança para aumentar a pressão sobre o pescoço de Floyd, cortando-lhe a circulação de sangue, à medida que a voz do afro-americano ia ficando mais ténue.
Durante a sessão de hoje, Eric Nelson, o advogado do agente policial acusado do homicídio de George Floyd, procurou demonstrar que Chauvin e os seus colegas se encontravam numa situação cada vez mais tensa e perturbadora, rodeados por uma multidão que lhes gritava, por causa da forma como estavam a proceder.
Nelson disse que, no local da detenção de Floyd, Donald Williams ia mostrando cada vez mais ira contra os agentes, provocando Chauvin com insultos que o advogado repetiu em tribunal.
No seu depoimento, Williams reconheceu que estava zangado e irritado, mas que depois se controlou e se limitou a implorar pela vida de Floyd.
Donald Williams foi uma das primeiras testemunhas no julgamento da morte de Floyd, em que Chauvin é acusado de homicídio e homicídio agravado.
O julgamento ocorre sem audiência e está a ser transmitido em direto por diversas estações televisivas, devido à pandemia de covid-19, debaixo de um forte dispositivo de segurança, pelo impacto que tiveram as imagens gravadas da morte de Floyd, que se tornaram virais nas redes sociais e foram disseminadas por 'media' de todo o mundo, provocando uma onda de manifestações contra o racismo e contra a violência policial.
O veredito é esperado para o final de abril ou início de maio.
Os outros três polícias envolvidos no caso - Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao -- só serão julgados por "cumplicidade no homicídio" em agosto.
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