Serviço de segurança alemão põe partido de extrema-direita sob vigilância
O serviço de informações de segurança da Alemanha decidiu colocar o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) sob vigilância policial, alegando que provocou um aumento dos ataques à ordem democrática, noticiou hoje a imprensa local.
© Reuters
Mundo AFD
O presidente do Gabinete Federal para a Proteção da Constituição, Thomas Haldenwang, informou os ramos regionais do serviço de informações de segurança de que o partido foi classificado como "caso suspeito", asseguram a agência de notícias DPA e o jornal Der Spiegel.
A decisão, tomada no final da semana passada, é muito sensível já que a Alemanha está a sete meses da realização de eleições legislativas.
O AfD, criado em 2013, passou a ter assento no parlamento em 2017, representando a primeira força de oposição aos conservadores, da chanceler Angela Merkel, e aos social-democratas, no poder.
O partido, que aumentou o seu número de seguidores com posições contrárias à política de migração da chanceler, está atualmente dividido por guerras internas e a perder força nas sondagens.
O Gabinete Federal para a Proteção da Constituição não tornou pública a sua decisão devido a processos judiciais em curso, acrescentam os meios de comunicação alemães, referindo que o AfD apresentou uma reclamação.
Também por isso, o organismo decidiu que, nesta fase, não irá vigiar os deputados ou candidatos do partido às eleições regionais ou legislativas marcadas para este ano, adiantou a imprensa.
A posição do Gabinete Federal baseia-se num relatório de informações de segurança com 1.000 páginas que cataloga "as alegadas violações do partido contra a ordem básica livre e democrática".
Os investigadores reuniram várias centenas de discursos ou declarações de membros do partido de todos os níveis.
Um elemento-chave terá sido a influência da franja mais radical do AfD, chamada "A Asa" e próxima dos neonazis.
Colocada sob vigilância no ano passado, este movimento radical foi oficialmente dissolvido, mas, segundo o relatório, os seus representantes ainda estão no partido.
O relatório também aponta para ligações entre o AfD e algumas organizações radicais, como o movimento do ideólogo da Nova Direita Götz Kubitschek.
Os dirigentes menos radicais do partido têm tentado, nos últimos meses, passar uma imagem mais moderada.
Num congresso realizado em novembro, o copresidente Jörg Meuthen, considerado moderado, criticou, de forma contundente, a proximidade dos membros do partido aos opositores das restrições impostas no âmbito do combate à pandemia de covid-19 e a linguagem cada vez mais radical usada para criticar o Governo.
Meuthen referia-se ao presidente honorário do AfD, Alexander Gauland, que acusou o executivo de usar "propaganda de guerra" para impor "uma ditadura corona [relativa ao coronavírus]".
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