Etiópia: Detidos tradutores e jornalista que trabalhavam para AFP e FT

Dois tradutores que trabalhavam para a agência France-Presse (AFP) e um jornalista do Financial Times foram detidos, na região do Tigray, onde decorre uma operação militar que opõe o Exército federal às autoridades dissidentes regionais.

Tigray. Sudão estima que 200 mil etíopes possam atravessar a fronteira

© DUARDO SOTERAS/AFP via Getty Images

Lusa
01/03/2021 18:03 ‧ 01/03/2021 por Lusa

Mundo

Tigray

De acordo com a AFP, os tradutores Fitsum Berhane e Alula Akalu, de nacionalidade etíope, foram detidos depois de terem estado a trabalhar durante três dias com jornalistas da agência de notícias francesa e do Financial Times, que tinham obtido autorização oficial para cobrir a situação naquela região no norte da Etiópia.

Fitsum Berhane foi detido em sua casa por soldados, na sexta-feira à noite, disse a sua família à AFP, enquanto o seu colega foi preso no dia seguinte quando estava a almoçar com familiares.

Um terceiro homem, o jornalista Temrat Yemane, foi também detido no sábado em Mekele, capital do Tigray.

Fitsum Berhane e Alula Akalu estão detidos nas instalações de uma escola militar perto da Universidade de Mekele, de acordo com as suas famílias, que não puderam vê-los e às quais não foi dada qualquer explicação oficial para a sua detenção.

Contactado pela AFP, Mulu Nega, chefe da administração provisória criada por Adis Abeba na região de Tigray, afirmou: "Estão sob investigação. Tanto quanto sabemos, já existem provas", sem mais pormenores.

A AFP e o Financial Times estão entre um grupo de sete órgãos de comunicação social internacionais recentemente autorizados a visitar o Tigray.

O acesso à região, no extremo norte da Etiópia, tem estado limitado a jornalistas e trabalhadores humanitários desde o início da operação militar, lançada em novembro pelas forças federais contra a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF).

"Não temos conhecimento de qualquer acusação específica contra Fitsum Berhane e a sua mera colaboração com um meio de comunicação social não pode ser uma razão para a sua detenção", disse a organização Repórteres sem Fronteiras.

"Por conseguinte, apelamos à sua libertação o mais rapidamente possível", acrescentou a organização.

O Financial Times, por seu lado, disse que "tomaria todas as medidas possíveis para obter a libertação" dos detidos, enquanto, acrescentou, continuará a tentar "compreender as razões da sua detenção".

O primeiro-ministro etíope e Prémio Nobel da Paz de 2019, Abiy Ahmed, ordenou uma operação militar em larga escala contra as autoridades dissidentes do Tigray, membros da TPLF, no início de novembro de 2020, acusando-os de ataques a bases do Exército federal.

Abiy declarou vitória no final de novembro com a captura da capital regional Mekele, mas as autoridades em fuga da região prometeram continuar a luta e desde então foram noticiados os vários combates.

Na semana passada, o diretor-geral adjunto da Autoridade Etíope de Órgãos de Comunicação, Wondwosen Andualem, exortou os jornalistas internacionais a relatarem os factos com precisão ou a enfrentar as consequências.

"Os meios de comunicação social autorizados a viajar para Tigray nesta primeira rotação devem trabalhar profissionalmente" ou haverá "medidas corretivas", advertiu.

Leia Também: Governo recusa apelo dos EUA para retirada imediata de tropas do Tigray

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