"É imperativo que o príncipe herdeiro, que ordenou o assassinato brutal de uma pessoa inocente, seja punido sem demora", disse hoje Hatice Cengiz, em comunicado, acrescentando: "Isto não só pode fazer justiça a Jamal, mas também evitar que atos semelhantes sejam cometidos no futuro".
Na sexta-feira, os Estados Unidos divulgaram um relatório dos serviços de inteligência que admite que o príncipe herdeiro saudita, apelidado de "MBS", "validou" uma operação para "capturar ou matar" Khashoggi.
Washington, entretanto, não anunciou qualquer sanção contra o poderoso herdeiro do trono saudita.
"Congratulo-me com a publicação do relatório americano. A verdade, que já era conhecida, foi reafirmada e agora é definitiva. Mas isso não é suficiente, pois a verdade só faz sentido de servir ao cumprimento da justiça", afirmou Cengiz.
"Se o príncipe herdeiro não for punido, isso enviará um sinal para sempre de que o principal culpado pode matar impunemente", afirmou Hatice Cengiz, sublinhando: "Os governos de todo o mundo, a começar pelo governo Biden, devem questionar-se sobre se estão prontos para apertar a mão de alguém cuja culpa foi provada, sem ter sido punida".
Crítico do poder saudita, Jamal Khashoggi, residente nos Estados Unidos e colunista do jornal Washington Post, foi assassinado em 02 de outubro de 2018, no consulado do seu país em Istambul, por um comando de agentes da Arábia Arábia.
O seu corpo desmembrado nunca foi encontrado.
Depois de negar o assassinato, Riyadh acabou por admitir que tinha sido cometido por agentes sauditas que agiam sozinhos. Após um julgamento opaco na Arábia Saudita, cinco sauditas foram condenados à morte e outros três a penas de prisão. As sentenças de morte já foram comutadas.
Este caso manchou a imagem do jovem príncipe herdeiro, um verdadeiro homem forte do reino, rapidamente nomeado pelas autoridades turcas como o patrocinador do assassinato, apesar das negações sauditas.
A Turquia ainda não reagiu à publicação do relatório norte-americano.
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